Oferecendo aos ouvintes uma experiência sonora única que mistura ficção e realidade, o podcast afrofuturista “ZUMBIR” evoca a ancestralidade e imagina novos futuros para a comunidade negra. Este é um podcast original do Spotify, criado em parceria com a produtora GANDAIA e idealizado por Samara Costa e Julio Angelo. O primeiro episódio já está disponível e o segundo será lançado nesta quinta-feira (14). Dois episódios serão lançados semanalmente, um às segundas e outro às quintas-feiras.
“ZUMBIR” conta com uma temporada de 10 episódios, sendo cinco histórias ficcionais e cinco episódios conversacionais, que expandem e discutem os temas abordados nas ficções.
A co-criadora e diretora criativa Samara Costa explica que neste projeto optou por cruzar ficção e realidade porque essas duas faces já traduzem o que é ser negro. “Kenia Freitas diz que pessoas negras vivem em uma ficção absurda do cotidiano. Sendo assim, cruzar ficção e realidade surgiu como uma possibilidade de instigar o ouvinte a questionar a realidade que vive, porque uma espelha a outra”, ela reflete.
Cada episódio ficcional conta uma história única, ambientada em tempos e espaços diferentes. Os temas centrais giram em torno da construção e preservação de memórias, utilizando a musicalidade urbana afrodiaspórica como fio condutor. A sonoridade dos episódios é um destaque à parte, com trilhas originais que exploram ritmos como funk, hip-hop, samba, house e sons afro-latino-caribenhos.
Samara destaca que desenvolver histórias onde a audiência não tem uma referência imagética faz com que o trabalho entre roteiro, atuação e edição sejam redobrados. “Em ZUMBIR, tudo foi pensado nos mínimos detalhes, desde o som do salto de uma personagem até o canto específico de pássaros que compõem a paisagem sonora. O objetivo era criar uma relação íntima com o ouvinte, como se ele estivesse atrás da porta escutando tudo, num segredo contado ao pé do ouvido.”
O episódio de estreia, Delivery 388, aborda temas como uberização, paternidade negra, memória, apropriação cultural e terror. O ator Rei Black interpreta Dennis, um pai negro presente e entregador de aplicativo, que se vê envolvido em uma trama sombria ao realizar uma entrega em uma área nobre. Samara afirma que este episódio convida o público a repensar o imaginário em torno da paternidade negra e a precarização dos trabalhadores de aplicativo. “A narrativa explora o apagamento da memória e identidade do povo negro de uma forma não literal. É uma história que combina terror, crítica social e espiritualidade, mostrando como a religião também é uma tecnologia de resistência”, ressalta.
Já o episódio conversacional, chamado de “LADO_B”, aprofunda-se nas questões levantadas pelas histórias de ficção. “A ficção tem um papel fundamental na reflexão e no debate sobre temas sociais e culturais. Ela funciona como um espelho e lente de aumento da realidade, mas também como um espaço seguro para explorar questões complexas.
Samara espera que “ZUMBIR” inspire cada ouvinte a refletir sobre suas próprias histórias e possibilidades. “Desejo que ao escutar cada episódio os ouvintes se sintam instigadas a repensar sobre as histórias que contaram sobre nossos corpos negros e que de alguma forma, durante esse processo de colonização, acreditamos. Que se sintam estimulados a criar novas histórias sobre sua própria vida. Afrofuturismo não é só um conceito artístico é uma filosofia”, ela conclui.