Kênia Bárbara chegou com status de protagonista na segunda temporada de “Os Outros”, a badalada série do Globoplay, que estreou dia 15 de agosto. A atriz de 34 anos voltará a viver Joana, mulher de Sérgio (Eduardo Sterblitch) e mãe de Lorraine (Gi Fernandes), mas com maior carga dramática, mais peso e relevância na história. Além da série, Kênia poderá ser vista no teatro na peça “Bonitinha, mas ordinária”, clássico do dramaturgo Nelson Rodrigues, com direção de Bruce Gomlevsky. Fechando o mês de estreias, a atriz fará uma leitura dramatizada do texto “Josephina”, de Luciana Lyra, na Casa Rio. O ano profissional da atriz, definitivamente, está sendo ainda melhor do que aquele que passou.
E, olha, que 2023 foi bem auspicioso para a atriz, que fez sua estreia em novelas na pele da vilã Lucília Gouveia, em “Amor Perfeito”, e recebeu elogios e indicações a prêmios por sua atuação. Na trama, a fotógrafa apaixonada desde criança pelo primo Orlando (Diogo Almeida), foi capaz de absurdos para separá-lo de Marê (Camila Queiróz), unindo-se, inclusive, à malvada mor Gilda (Mariana Ximenes). Aliás, a dobradinha com Mariana foi um sucesso à parte. Nas redes sociais havia torcida para as vilãs terminarem juntas.
“O que mais me deixou feliz foi o ódio e a compaixão que ela despertou. Lucília foi muito comentada, as pessoas queriam odiá-la, com razão, mas ao mesmo tempo, a defendiam. Ela movimentou a trama, foi trending topics no X (antigo Twitter) mais de uma vez. As pessoas amavam e falavam muito da amizade de Gilda e Lucília. Fui indicada a dois prêmios por causa dela! Lucília permitiu que meu trabalho alcançasse mais visibilidade, então, sou muito grata”, afirma Kênia, que concorreu ao Prêmio Melhores do Ano na TV, do site Notícias de TV, e ao Melhores do Ano 2023 – Site Duh Secco.
A expectativa, agora, é pelos episódios da nova fase de “Os Outros”. A história traz Joana, Sérgio e Lorraine morando juntos em um condomínio de luxo. A convivência forçada virá através de chantagem, já que o vilão se elege vereador e quer exibir uma família perfeita para os políticos e os novos vizinhos.
“Nessa nova temporada, entramos na casa da família Nogueira. O dia a dia deles está exposto e o que existe é uma relação de abuso de poder do Sérgio com a esposa e a filha. Mas Joana, agora avó de Juninho, filho de Marcinho (Antonio Haddad) e Lorraine, desistiu de desistir. Cansou do silêncio, do corpo tomado de tensão o tempo todo, de carregar as dores do mundo, da vida em risco, de dormir na cama do inimigo, cercada de ameaças, sem paz. Ela não aguenta mais não viver e, mesmo com muito medo, vai lutar para salvar a própria história e a de sua filha”, adianta a atriz: “Fiquei muito feliz por ela ganhar um protagonismo e por mostrar que está tentando ser melhor, melhor mãe, principalmente”, pontua.
Coragem é também a marca de Aurora, de “Bonitinha, mas ordinária”, em cartaz a partir do dia 16 de agosto, no Teatro Nelson Rodrigues, no Centro do Rio. “Aurora pode ser vista como a filha rebelde e a irmã que mais dá trabalho a Ritinha (Sol Miranda). Ela a enfrenta, questiona, provoca. É uma história que se passa na década de 1960, as mulheres precisavam ser mais pudicas, e Ritinha faz de tudo para que as irmãs sigam a cartilha moral e se casem. Aurora, definitivamente, não quer seguir esse caminho. Quer ser livre e viver a seu modo”, analisa a atriz, mineira de Juiz de Fora e formada em Psicologia pela UFJF.
A formação em Psicologia não foi a única atividade de Kênia paralela à de atriz. Embora filha de um pai artista, que já cantou em coral, desenha, pinta, toca violão e é técnico em enfermagem, e de uma mãe que a incentivava, inscrevendo Kênia em curso de modelo, balé, música e teatro, a atriz já atuou em muitas frentes para manter seu sonho de viver da arte. “Sou formada em Psicologia, mas priorizei a carreira artística. Então, só fiz atendimentos durante o estágio na faculdade. Já trabalhei como vendedora de loja de roupas, na cozinha de um restaurante, como animadora de festas, tudo isso enquanto não ganhava dinheiro como atriz”, relembra.
A carreira de atriz já contabiliza 26 anos e, dentre os trabalhos, constam as séries “Stella Models” (Canal Brasil) e “3%” (Netflix); os filmes “O Juízo” (Andrucha Waddington), com o qual estreou no cinema; “Meu coração não aguenta mais” (Fabrício Brambatti); e o longa-metragem “Dispersão”, do Bruno Vianna, que ainda será lançado. Kênia também está no curta-metragem “Assistindo Tom”, (Mia Lima Rocha). A estreia profissional, contudo, se deu nos palcos cariocas com o premiado espetáculo “Meninos e Meninas”, escrito e dirigido por Afra Gomes e Leandro Goulart.
Nos tablados destacam-se os espetáculos “Yabá, Mulheres Negras”, dirigido por Luiza Loroza; “Pá de Cal”, de Jô Bilac; “Caravana Alucinada”, de Paulo de Moraes; “Cão Gelado”, de Gunnar Borges; “JORGE pra sempre VERÃO”, de Rodrigo França. Em 2018 apresentou “O Show do Mickey Mouse”, realizado pela The Walt Disney Company Brasil, com direção de Roberta Cid.
Cantora, poeta, compositora e filha da Martins (a carioca Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, a mais antiga escola de teatro da América Latina), Kênia se define como uma mulher que sonha. E, com fé e trabalho, realiza. “Mas tudo o que eu disser talvez seja insuficiente, e espero que seja, porque sigo crescendo, mudando, me descobrindo. E aí muda de novo, cresce mais um pouco, descobre… Além disso, sou uma mulher d’ Oxum, e as águas de um rio nunca são as mesmas”, finaliza.