Heman Bekele, etíope de 14 anos, cria sabonete que trata câncer de pele e é eleito a criança do ano pela revista TIME

Heman Bekele, etíope de 14 anos, cria sabonete que trata câncer de pele e é eleito a criança do ano pela revista TIME

Heman Bekele gostava de brincar de fazer “poções” quando pequeno. Nascido na Etiópia e radicado com a família nos Estados Unidos desde os 4 anos, seu talento para fazer experimentos científicos misturando ingredientes que tinha em casa resultou recentemente na escolha como Criança do Ano pela Revista Time. . “Eu os escondia (produtos de limpeza) debaixo da minha cama e via o que aconteceria se eu os deixasse durante a noite. Eram muitas misturas, completamente aleatórias”, contou ele, em entrevista à TIME, que o elegeu como a criança do ano de 2024, por ter inventado um sabonete capaz de tratar o câncer de pele, quando tinha apenas 14 anos. Hoje, ele tem 15.

Bekele ganhou um kit de química, com produtos mais complexos, como hidróxido de sódio. Com pesquisas na internet tentou misturar aquele elemento com alumínio “Achei que isso poderia ser uma solução para a energia, para fazer um suprimento ilimitado. Mas quase comecei um incêndio”, relata.

Depois desse episódio, os pais ficaram preocupados e de olho no menino – e no que ele inventava de fazer como experiência. Mas ele seguiu inventando. Então, em outubro de 2023, Heman foi selecionado pela 3M e pela Discovery Education e venceu um prêmio de Jovem Cientista, recebendo 25 mil dólares (equivalente a quase R$ 138 mil), pela invenção de um sabonete que pode, um dia, tratar e até prevenir várias formas de câncer de pele.

Heman Bekele, etíope de 14 anos, cria sabonete que trata câncer de pele e é eleito a criança do ano pela revista TIME
Crédito: Revista Time

O produto está passando por um projeto de desenvolvimento e testes para chegar ao mercado, mas agora ele trabalha em um laboratório na famosa Universidade de Medicina John Hopkins, em Baltimore.

“Sou realmente apaixonado por pesquisas sobre câncer de pele, seja minha própria pesquisa ou o que está acontecendo no campo. É absolutamente incrível pensar que um dia minha barra de sabão poderá causar um impacto direto na vida de outra pessoa. É por isso que comecei tudo isso em primeiro lugar”, afirmou. 

A ideia do sabonete foi inspirada em seu passado em Addis Ababa, na Etiópia. Os trabalhadores ficavam sob o sol escaldante, geralmente, sem nenhum tipo de proteção. Os pais ensinaram a ele e às irmãs, sobre os perigos da exposição solar e como se proteger.

“Quando eu era menor, não pensava muito nisso, mas quando vim para a América, percebi o grande problema que o sol e a radiação ultravioleta representam quando você fica exposto a eles por muito tempo”, diz o menino.

Em 2023, ele se deparou com o desafio da 3M e enviou um vídeo explicando sua ideia. Logo, ele recebeu um convite para ir até a sede da empresa, em Minnesota, para expô-la diante de um painel de jurados. Ali, ele conseguiu convencer a todos e venceu o prêmio. O valor que ele recebeu em dinheiro já tinha destino: ele queria usá-lo para ajudar a pesquisar mais e investir em sua ideia.

A oportunidade de contar com um laboratório profissional para conduzir o trabalho apareceu em fevereiro deste ano, quando, em um evento, ele conheceu Vito Rebecca, um biólogo molecular e professor assistente na Johns Hopkins.

“Lembro-me de ler em algum lugar algo sobre um jovem garoto que teve uma ideia para um sabonete contra câncer de pele”, contou Vito. “Imediatamente despertou meu interesse, porque pensei, que legal, ele querer tornar isso acessível ao mundo inteiro”, acrescenta. Depois de ser apresentado ao menino, em um evento, ele ficou ainda mais impressionado. Ao descobrir que ele morava perto, disse que ele seria bem-vindo, se quisesse passar pelo laboratório – o que o garoto prontamente topou.

Vito Rebecca concordou em patrociná-lo, atuando como seu principal pesquisador e convidando-o para trabalhar no laboratório de Baltimore. Juntos, eles já fazem pesquisas básicas com camundongos há meio ano, tentando observar variações, resultados e efeitos do sabonete. Embora estejam se preparando para testá-lo e um controle contra o melanoma, Heman sabe que “ainda há um longo caminho a percorrer”, incluindo mais testes, registro de patente, certificação do Food and Drug Adminstration (FDA), o que pode levar uma década no total.

https://4a9746a3617cee90d345ed931f7a9419.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html

Ainda assim, quando essa década passar, Heman ainda será muito jovem, com 25 anos, idade em que os estudantes de medicina nem sequer concluíram sua educação de pós-graduação.

Ele dá crédito à família, especialmente aos pais, por preparar o cenário para suas realizações. Sua mãe, Muluemebet, é professora; seu pai, Wondwossen, é especialista em recursos humanos da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional. O exemplo do sacrifício deles, vindo para um país desconhecido a serviço da educação dos filhos, o encheu de amor pelo aprendizado e de um compromisso em buscar o improvável — ou mesmo o aparentemente impossível.

Tradução do artigo original: Revista Crescer

Última atualização em: 26 de agosto de 2024 às 14:12

Compartilhe :

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

Deixe um comentário

Área para Anúncios

Seus anúncios aqui (área 365 x 300)
Matérias Relacionadas

Se inscreva na nossa Newsletter 🔥

Receba semanalmente no seu e-mail as notícias e destaques que estão em alta no nosso portal

Categorias