Em um cenário marcado pela diversidade racial, a representatividade da mulher negra na comunicação e no jornalismo emerge como um tema central, refletindo não apenas a busca por igualdade, mas também a necessidade de inspirar futuras gerações.
De acordo com a pesquisa ‘Potências (in)visíveis: a realidade da mulher negra no mercado de trabalho’, a mulher negra representa 28% da população brasileira, no entanto, enfrenta as piores condições no mercado de trabalho. Barreiras como formação, diversidade, conexão e medo de errar tornam-se desafios significativos para o avanço desse grupo. Já na pesquisa ‘Panorama Mulheres 2023’, apenas 17% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, levando a uma reflexão sobre os desafios enfrentados, especialmente pelas mulheres negras
Quando fazemos o recorte para a comunicação, o resultado é alarmante. Segundo dados da pesquisa ‘Perfil do Jornalista Brasileiro 2021’, embora as mulheres representem 58% das redações, sua presença em cargos de gestão é limitada. Este dado reflete a necessidade de ampliar a participação feminina, especialmente de mulheres negras, em posições estratégicas na mídia.
Nesse contexto, a jornalista e apresentadora baiana Luana Assiz, ressalta a importância de superar essas barreiras, propondo uma abordagem focada na representatividade, especialmente em cargos de liderança. Para ela, ocupar esses espaços é muito importante e significativo. “Estar em espaços de amplo alcance como a televisão aberta oferece a possibilidade de falar com muita gente. Isso sempre foi dado para pessoas brancas, com condições econômicas favoráveis. É recente a presença negra e periférica nesses espaços e isso traz novos olhares sobre as histórias que são contadas na tv”, pontua Luana.
Sobre o papel da representatividade na promoção da diversidade e na inspiração de jovens garotas, Luana Assiz destaca a importância de estar em espaços de amplo alcance, como a televisão aberta, espaço que atualmente conta com Maju Coutinho, Zileide Silva, Rita Batista e que já foi ocupado pela eterna Glória Maria, ícone do jornalismo brasileiro. Ter essas mulheres dentro do jornalismo em diferentes programas, possibilita comunicação com diferentes públicos e não apenas representa a superação de obstáculos, mas também inspira jovens mulheres negras a perseguirem seus sonhos e impactarem positivamente a representatividade na mídia.
Com uma trajetória de 15 anos na comunicação, a jornalista carrega consigo momentos que são representativos para uma comunidade, como a mediação no ‘Casa Mulher com a Palavra’, evento promove a igualdade de gênero e valorização das mulheres, o Liberatum ao lado de nomes como Viola Davis, Angela Bassett, além integrar o time da transmissão ao vivo do Carnaval de Salvador, considerado uma das maiores festas popular de rua do mundo.
Luana se destaca não apenas por sua presença na TV, mas também por liderar iniciativas sociais, offline e online, a exemplo do “Conversa Preta Digital”, um projeto que leva discussões aprofundadas sobre questões raciais para a internet, reforçando a importância de abrir portas e criar conteúdos que ressoem com a diversidade de experiências.
“O Conversa Preta Digital leva para a web, em um formato que cabe na internet, discussões profundas sobre questões raciais. Quando desenvolvi e executei esse projeto, em 2022, tivemos convidadas importantes, como a Dra. Livia Vaz, o que nos gerou um alcance muito bom. Acho que a partir dessa e de outras iniciativas, abriram-se novas portas – que ainda estão longe de serem as ideiais, mas que já proporcionam oportunidade para novos conteúdos”, conclui a jornalista.