“A quem eu pertenço?”. Foi a partir deste questionamento que RAVIH começou a construir o conceito de “Próprio”, seu álbum de estréia, já disponível em todas as plataformas digitais. “Passei boa parte da minha vida tentando me ajustar para pertencer a determinados espaços e grupos, até entender que se eu não pertencer a mim mesmo, não conseguiria me sentir pertencente com mais ninguém, nem em lugar nenhum”, conta o artista de Parelheiros. Sendo o único compositor de todas as músicas e dividindo as produção musical da faixa com Arielly Porto, RAVIH cita nomes como Liniker, MC Tha, Rico Dalasam, Tuyo e Alicia Keys como referências para a sonoridade da álbum, que é predominante pop, com elementos de soul, reggae, funk, reggae e afrobeats.
O álbum chega acompanhado por uma trilogia de clipes com roteiro de RAVIH e direção compartilhada entre o cantor, Karina Tigre e André Lessa. Enquanto o primeiro capítulo foi voltado à cultura circense e o segundo protagonizado apenas por mulheres, o clipe que fecha a trilogia conta com um elenco formado por jovens de diferentes cenas culturais das periferias de São Paulo, incluindo artistas queers e indígenas. “Foi importante para nós mostrar que as juventudes das periferias são plurais e ao mesmo tempo que são parecidas, podem ser muito diferentes em suas particularidades”, pontua RAVIH.
Capa do álbum “Próprio”: Foto por Lucas Nery
O conceito visual de “Próprio” traz RAVIH descobrindo uma casa noturna onde todos estão cobertos por veús, como fantasmas. “É uma analogia sobre a inviabilização que os jovens periféricos sofrem da sociedade e também sobre como por muito tempo precisamos nos esconder para se proteger, especialmente indígenas ou membros da comunidade LGBTQIAPN+”. Ao longo do vídeo, cujo a estética é uma homenagem à cultura ballroom, os personagens vão ganhando confiança para se libertar do véu e se expressar livremente na pista de dança. “Acredito que esse movimento de se revelar exige muita coragem, mas o primeiro é mais difícil passo começa com o se enxergar no espelho sem distorções… Muito improvável que alguém vai conseguir ver a nossa beleza e potência se a gente não conseguir antes”.
O próximo passo de RAVIH é levar as canções de “Próprio” para os palcos: “Acho que os shows desse album vão ser uma celebração bonita da nossa força coletiva e também individual”. O lançamento de um mini documentário mostrando os bastidores da trilogia de clipes também está previsto: “Estou muito animado para compartilhar mais sobre o processo criativo dos visuais e possivelmente inspirar novos artistas da música e do audiovisual nas periferias”, compartilha.