O ícone da música brasileira Milton Nascimento e a cantora de jazz norte-americana esperanza spalding lançaram seu álbum colaborativo “Milton + esperanza“ (Concord Records) em todas as plataformas digitais. .
Gravado no Brasil ao longo de 2023 e produzido e arranjado por spalding, o disco é uma colaboração dos sonhos e uma bela expressão musical de uma amizade que começou há quase 15 anos. O álbum tem sido recebido com elogios iniciais, incluindo um perfil da dupla no The New York Times, uma entrevista no Morning Edition, da NPR, uma performance conjunta para o Tiny Desk, da NPR, e outras entrevistas na Rolling Stone, SPIN e muito mais.
“No momento em que perguntei: ‘Quais músicas você quer neste álbum?’ Ele [Milton] disse: ‘Uma música de Paul McCartney’. E não conseguíamos lembrar o nome. Eu me lembro disso. Milton tinha um livro em sua casa com todas as músicas de Paul McCartney e estávamos procurando o título da canção, que ninguém conseguia lembrar. Lemos todas as músicas e, finalmente, encontramos ‘A Day in the Life’. Na versão original, na ponte, Paul McCartney canta solo e eu pensei: ‘Não podemos cantar isso. Não podemos. É tão icônico… É muito louco. Nossa versão é muito selvagem. É linda e muito intencionalmente desenraizada”, revelou esperanza spalding. O álbum foi anunciado em maio, junto com o lançamento de “Outubro”, e foi amplamente coberto por veículos internacionais como NY Times, Pitchfork, The Fader, Stereogum e outros. Desde então, a dupla lançou sua colaboração com Paul Simon, “Um Vento Passou (para Paul Simon)”, para a qual Simon aprendeu a letra em português, bem como “Saudade dos Aviões da Panair (Conversando No Bar)”, com a participação de Lianne La Havas, Maria Gadú, Tim Bernardes e Lula Galvão.
“Milton + esperanza“ apresenta 16 faixas que celebram e reimaginam os clássicos amados de Nascimento, novas peças escritas por spalding pensando em Nascimento e interpretações de “A Day in the Life”, dos Beatles, e “Earth Song”, de Michael Jackson. Os convidados são nomes de peso, incluindo Dianne Reeves, Lianne La Havas, Maria Gadú, Tim Bernardes, Carolina Shorter, Elena Pinderhughes, Shabaka Hutchings, Guinga e outros. O disco conta com a banda principal de spalding, composta por Matthew Stevens (guitarra), Justin Tyson e Eric Doob (bateria), Leo Genovese (piano), Corey D. King (vocais, sintetizadores) e vários músicos brasileiros, incluindo a Orquestra Ouro Preto, os percussionistas Kainã Do Jêje e Ronaldinho Silva e o guitarrista Lula Galvão.
“É como uma magia que você sabe quando está acontecendo e pode ajudar a fazer acontecer. É como se você pudesse convidá-la a vir te visitar. Você pode convidá-la a passar por você. E é uma magia que, eu acho, eu estou sempre esperando que desça, você sabe, na música. O tempo todo eu estava sempre rezando para que o álbum se sentisse como um grande navio, que está viajando pelas águas cósmicas do mundo. E o navio está indo tão suave, e você [Milton] está na parte de trás fazendo assim, ‘Wa, wa’. Como se estivesse lançando magia de suas mãos para todos que estão vendo o barco passar. E eu queria que o álbum se sentisse assim, se sentisse como essa coisa mágica passando; e depois que passa, você simplesmente sente, uau! Essa foi a inspiração para o álbum”, disse esperanza spalding.
“Milton + esperanza” brilha com duetos entre essas duas vozes, músicos requintados e o que spalding identifica como um tema central do álbum: a importância de as gerações mais jovens criarem, aprenderem e construírem novos mundos com os mais velhos. Um espírito guia para o projeto foi Wayne Shorter, cuja colaboração com Nascimento, “Native Dancer”, foi lançada há quase 50 anos. “Isso foi tudo sobre Wayne”, afirmou spalding em uma entrevista recente à WRTI.
A gênese deste álbum remonta à primeira vez que spalding ouviu uma gravação de Nascimento, em um jantar quando um amigo colocou “Native Dancer”. “Eu fico arrepiada só de pensar nisso”, ela diz. “Em noventa por cento das coisas que escrevo estou pensando nele. Ele é uma parte muito presente da minha imaginação criativa”. Eles finalmente se conheceram (graças, em parte, a uma apresentação feita por Herbie Hancock) e começaram a colaborar, gravar e se apresentar ao vivo juntos. Em 2022, Nascimento, agora com 81 anos, embarcou em uma turnê de despedida e convidou spalding para se apresentar em alguns shows. Durante um jantar, na véspera de sua participação na performance de Nascimento em Boston, o filho dele pediu para ela produzir o próximo álbum de Nascimento. Um sonho havia se tornado realidade. Ela trabalhou no Brasil durante 2023 gravando e produzindo o álbum.
Com cinco prêmios GRAMMY® e onze indicações, spalding já lançou oito álbuns completos. Além de trabalhar com seus heróis, incluindo Nascimento e Shorter, ela colaborou com Prince, Herbie Hancock, Janelle Monáe, Robert Glasper, Terri Lyne Carrington e muitos outros. Como compositora, seus créditos incluem a escrita do libreto para a ópera “…(Iphigenia)”, com Wayne Shorter, que estreou em 2021. Ela também é filantropa e defensora e atualmente codirige um santuário artístico BIPOC sem fins lucrativos em sua cidade natal, Portland, no Oregon, EUA.
spalding também está em turnê este ano, com datas agendadas ao longo de 2024, bem como uma residência de 12 noites no Blue Note, em Nova Iorque, em fevereiro e março de 2025. Nascimento e spalding ainda não confirmaram se farão uma turnê para promover o álbum.