O Palco Favela deste sábado, 20, transformou o Rock in Rio em um verdadeiro baile com o show “Para Sempre Funk”. A apresentação de Livinho, MC Don Juan, MC Drika, MC Hariel, MC Ig e MC PH durante o Dia Brasil foi recheada de sucessos como ‘Oh Novinha’ e ‘Let’s Go 4’. Além disso, rolou uma homenagem ao MC Kevin, sendo exibida uma bandeira com seu rosto e cantando hits como “Cavalo de Troia” e “Veracruz”.
No entanto, os MCs finalizaram o show ao som de duas músicas emblemáticas para a Baixada Santista. ‘Diretoria’, de MC Primo, e ‘Bola da Vez’, de Felipe Boladão foram tocadas, ressaltando o papel de pioneirismo que o litoral paulista ocupa na evolução do funk brasileiro.
Antecedido pelo show ‘Para Sempre Baile de Favela’, que recebeu veteranos como Buchecha e Tati Quebra Barraco para representar as origens do gênero, a nova geração incentivou o público a entoar canções de MCs que pavimentaram o caminho no início de tudo. Cidinho & Doca, ambos cariocas, e MC Primo e Felipe Boladão, da Baixada Santista.
O funk da Baixada, berço das vertentes consciente e ostentação, de fato transformou o ritmo em um movimento nacional. Mantendo a batida e o tom de curtição do funk carioca, essas vertentes adotaram um discurso social com letras que denunciavam a negligência do Estado com a realidade periférica.
Quem são MC Primo e Felipe Boladão?
Jadielson da Silva Almeida, conhecido como MC Primo, foi um dos pioneiros do funk consciente, trazendo a realidade da comunidade para o funk. Aliás, DJ Malboro, um dos maiores produtores do funk carioca, plagiou sua música mais lendária, ‘Diretoria’. Essa situação revelou a tensão entre o eixo Rio-São Paulo no domínio do funk. Consequentemente, a Baixada Santista se firmou na cena como um dos polos mais criativos e potentes dentro do movimento.
Felipe Boladão, por sua vez, é considerado até hoje um grande ‘gênio’ do funk. Suas letras poéticas o tornaram uma voz importante para os jovens das periferias, além de transformar marcas como a Town & Country em grandes símbolos no universo do funk.
Infelizmente, tanto MC Primo, em 2012, quanto Felipe Boladão, em 2010, tiveram suas trajetórias interrompidas tragicamente, vítimas de assassinato.
Público funkeiro em peso
Os seis dos maiores nomes da cena funk de São Paulo atraíram um dos maiores públicos do espaço durante toda a edição de 40 anos do Rock in Rio. Em uma apresentação de 1 hora e 20 minutos, os MCs animaram a plateia com os sucessos de suas carreiras.
O sucesso da apresentação demonstra o reconhecimento e importância da nova geração de MCs e também de eus antecessores. MC Primo e Felipe Boladão representam um eixo do funk que foi essencial para o fortalecimento do gênero, assim como Cidinho & Doca e Kevin.
No Rock in Rio, o funk reafirmou sua existência e resistência. Além disso, mesmo em meio à marginalização, ele continua vivo, se reformulando, honrando suas raízes e avançando com novas gerações que carregam seu legado.
Funk-se
Mc Hariel, componente do grupo que se apresentou no sábado, tem feito um trabalho interessante relacionado a isso. O álbum mais recente, “Funk Superação”, conta com a participação de Gilberto Gil para a faixa ‘A dança’. A música traz o trecho de ‘Minha Ideologia, Minha Religião‘, canção do baiano lançada em 1985. Isso oferece uma mistura de sonoridades, mas que não deixa a base funkeira se perder – honrando a ordem de Gil: Funk-se quem puder.