Desde que lançou seu primeiro álbum, “Ultrassom” (Deck/2018), o rapper Edgar é conhecido como um artista “fora da curva”, alguém que sempre traz algo de novo em sua música ou nos seus trabalhos como artista visual. Depois de sua estreia, vieram o álbum “Ultraleve” (Deck/2021) e o EP “Ultravioleta” (Deck/2022) que formam sua primeira trilogia.
Agora Edgar volta a surpreender o público com o álbum “Universidade Favela”, que traz o mesmo experimentalismo de sempre mas abarcando com influências de ritmos pop do momento como trap, reggaeton e funk. “Tentei dialogar com esses estilos sem cair na mesmice que ouvimos hoje em dia” comentou Edgar. Essa inspiração surgiu ao rever antigos amigos. “Durante a pandemia voltei a morar na Favela Coqueiro com minha família, revisitei minhas raízes, retomei contato com amigos e isso teve um impacto direto no álbum, tanto no som como nas letras” – explicou ele. “Me lembrei muito da minha juventude e deu vontade de olhar para isso, eu com 17 anos mas observando a partir de hoje, com consciência e com todo o aprendizado que trago desses anos de vida e do tempo em que estive morando no exterior”.
Para a produção Edgar chamou várias pessoas no intuito de ter mais visões sobre o seu trabalho artístico e aproveitou para convidar produtores de diferentes nacionalidades, Nakata e Kazvmba, paulistanos, o coletivo carioca Os Fita, o ítalo-brasileiro Nelson D., o francês Dang e o inglês Jammz, que se dividem na produção das faixas.
O álbum também traz convidadas, a cantora Luta Cruz, do Chile, em “Passo Firme” “Achei a voz dela incrível, chamei e ela topou” e a cantora franco-japonesa Maia Barouh, que canta e toca flauta em “Origami”.
No fim das contas, “Universidade Favela” é autoexplicativo, mostrando até onde alguém que se formou na favela pode chegar, mostrando a real possibilidade de uma pessoa da favela ter conexões internacionais favoráveis à uma produção cultural brasileira. “Agora o favelado é poliglota”, brinca falando sério, Edgar, já dando pistas do que virá pela frente.