Cantora foi pioneira entre mulheres negras do country e enfrentou barreiras do racismo para se lançar no gênero
O novo álbum de Beyoncé está entre nós e, como anunciado, é um grande resgate do gênero country (embora a cantora tenha afrimado que esse “não é um álbum de country”) para as mãos de uma artista negra. O nome emblemático que guia “Act II: Cowboy Carter” é Linda Martell, citada em música e participando com falas nas canções “Spaghetti” e “The Linda Martell Show”.
“The Linda Martell Show“ é a faixa 19 do disco, abrindo com a própria Linda Martell discursando para um público animado. Mas afinal, quem é a diva do country que parece ter inspirado Beyoncé no Act II?

Nascida como Thelma Bynem na Carolina do Sul em 1941, Martell enfrentou as dificuldades características de uma mulher negra em um Estados Unidos segregado, sobretudo no Sul, onde a violência racista era ainda mais deliberada. Ao tentar ingressar no gênero country durante os anos de 1960, ela precisou lidar com o pouco caso de uma indústria dominada por brancos. Para Linda Martell, já dominando a soul music e R&B após tentativa de sucesso com o grupo familiar Linda Martell and the Anglos, cantar country era como conquistar um território hostil.
Enquanto você cantava, eles iriam gritar nomes e você sabe os nomes que eles iriam usar para se referir a você – Linda Martell em entrevista à Rolling Stone
Os covers de country que a cantora fazia chegaram até um produtor com ideias mais abertas quanto a entrada de negros no universo country. Com Shelby Singleton Jr., Martell gravou um álbum em poucos dias e com a faixa “Color Him Father”, (cover do grupo The Winston), alcançou a 22ª posição das paradas de música country.
O sucesso havia chegado, mas enquanto se apresentava com canções matadoras como “You’re Crying Boy, Crying” e “Before the Next Teardrop Falls”, ela continuava a ouvir ofensas racistas diurante os shows. A notoriedade de Linda Martell chegou a tanto que ela se tornou a primeira mulher negra a se apresentar nas grandes casas de show de música country como a Grande Ole Opry, feito conquistado em 1969.
Martell e Singleton entraram em atrito após a cantora se sentir preterida pelo executivo. O racismo seguia definhando a energia da compositora em prosseguir. Segundo a artista, em uma performance da canção “Hee Haw” em um famoso programa de música country, um dos produtores do programa insistiu para que ela mudasse sua pronúncia.
O documentário “Bad Case of the Country Blues” conta um pouco da luta da cantora em se manter na música country entre 1969 e 1975. O filme foi produzido pela neta de Linda Martell, Marquia Thompson.
Posteriormente ao sucesso relâmpago na música country e pouca repercussão midiática dos trabalhos posteriores, Linda se tornou motorista de ônibus escolar no seu Estado natal. Agora, com o lançamento de “Act II: Cowboy Carter”, uma nova geração terá a chance de descobrir parte da história negra na música através de Linda Martell