A cantora Claudia Leitte enfrentará uma ação movida por Durval Luz e Nino Balla, dois dos compositores da música “Caranguejo”, que teve a letra alterada, sem autorização, pela cantora. Luz e Balla acusam Leitte de intolerância religiosa e declararam que a mudança foi feita de forma unilateral, sem comunicá-los.
Declaradamente neopentecostal, vertente da igreja que integra as trincheiras da extrema-direita brasileira, Claudia Leitte virou alvo de críticas após substituir o trecho “Saudando a rainha Iemanjá” por “Só louvo meu rei Yeshua (Jesus, em hebraico)” durante algumas apresentações, sem consentimento ou comunicação prévia dos autores.
“Já mandei todos os documentos para meu advogado. O Nino Balla, que foi outro compositor, está comigo. Fizemos a Caranguejo na época do Babado Novo, lá no começo. Fizemos a música em Campina Grande [na Paraíba], a ideia do refrão inclusive é minha. Gravamos nos primeiros discos. É um sucesso eterno, outros artistas como Ludmilla, Timbalada e Ivete já cantaram a música”, afirmou o compositor Durval Luz, em entrevista ao Portal “LeoDias”.
“Eu sou batizado, evangélico, mas não tenho nenhum preconceito ou intolerância religiosa, até porque a música cita Iemanjá. Além disso, por eu ser tocador de Axé, ser nascido na Bahia, não tenho como desassociar as letras e outras coisas”, disse Durval.
Claudia Leitte também foi alvo de uma denúncia ao Ministério Público Iyalorixá Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum, e pelo Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras) pela alteração da letra da canção. O MP da Bahia instaurou um inquérito para apurar um possível ato de racismo religioso cometido pela artista.