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Com menos de 10 artistas negros entre mais de 70 atrações, Lollapalooza Brasil mostra estar alheio à música brasileira

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O Lollapalooza Brasil anunciou, nesta terça-feira (3), as atrações do festival para 2025. Olivia Rodrigo, Justin Timberlake, Shawn Mendes, Alanis Morissette, Rüfüs du Sol e Tool são os headliners do evento que acontece em São Paulo nos dias 28, 29 e 30 de março, no Autódromo de Interlagos. Longe da badalação que havia em suas primeiras edições no país, uma coisa chamou a atenção: a ausência quase que total de artistas negros, seja entre os nomes brasileiros ou internacionais.

Entre os nomes mais conhecidos, podemos citar a banda Sepultura com o vocalista Derrick Green, os rappers Kamau, Drik Barbosa, MC Soffia, Juyé, Zudizilla, o cantor britânico de soul Michael Kiwanuka. Embora sejam artistas de qualidade inquestionável, não representam a amplitude das sonoridades produzidas no Brasil.

Muitos nomes confirmados são completamente desconhecidos e, embora em muitas edições o Lollapalooza sirva para descobrir novos artistas, a diversidade não foi o foco, com o festival soando como se tivesse jogado papeizinhos com nomes de artistas brancos alternativos com nomes ruins para formar o line-up.

Com menos de 10 artistas negros entre mais de 70 atrações, Lollapalooza Brasil mostra que sabe pouco de música

Nem nomes de peso como Djonga, Emicida, BK´, Racionais compõem a lista e não é como se o Lolla se preocupasse em repetir figurinhas (Jão vai tocar de novo em 2025).

Mas se não dá para esperar uma curadoria mais apurada em termos de diversidade de festivais como o Lolla e Rock in Rio, por que os grandes artistas que temos, com poder de influência e visibilidade, ainda não organizaram um evento que reúna a nata da nossa produção musical mainstream e independente?

É difícil acreditar que nomes como Iza, Ludmilla, Racionais, Alexandre Pires, Djonga, etc., não tenham nenhum poder de barganha com grandes marcas se estivessem unidos para colocar a máquina para funcionar a favor de seus pares de música. A dependência do poderio financeiro e de influência de organizadores brancos acontece diante da anuência complacente de quem possui o poder de pressionar o funcionamento atual das coisas.

Quem vai puxar o bonde para tirar do bolso uma fração do que conseguiu e dar a partida numa mudança na cena musical de festival no Brasil?

É mais que possível fazer todo ano um festival com dezenas de artistas pretos e indígenas e atrair o público. Marketing, publicidade e influência existem para isso. Alguém precisa começar. Quem será?

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Última atualização em: 6 de setembro de 2024 às 13:45

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