Um dos mais inventivos e prolíficos artistas de sua geração, cantor e compositor maranhense Negro Leo lança seu nono álbum, “RELA”, no qual combina o ritmo do Boi com elementos da música eletrônica global e explorando o universo do sexo de acordo com os relacionamentos contemporâneos. Com letras que retratam a rotina de busca em chats apps, o álbum traz pra luz a intimidade que muitas vezes era escondida.
“O ato de escrever é uma insinuação, nunca se escreveu tão explicitamente sobre sexo na cultura popular. Essa geração é provavelmente tão saudável quanto as gerações da antiguidade que viram nascer técnicas sexuais do Kamasutra ao Fang-chung shu. Se há algum mal-estar nessa geração, não é não falar o suficiente, é não fazer o suficiente. Quando escrever consubstancia o ato, a geração é alegre. A putaria é apenas a manifestação da saúde dessa geração”, ele reflete.
Com produção de Renato Godoy e colaborações de Hélio Costa e Gilberth Ferreira, integrantes do boi Brilho de Lucas, “RELA” cria uma nova dança eletrônica, focada na percussão e na energia pulsante do Boi, trazendo pra luz a intimidade que muitas vezes era escondida.
“O boi é uma tradição popular, e toda tradição está preservada na forma de sua imanência cultural, ou seja, em trânsito. Mas se toda mitologia sempre pontificou que algo do indivíduo é preservado após sua morte, então não é possível acreditar que “não dispomos de informações suficientes para saber se algo acontece depois de sua morte”. Se a factualidade exigida pela ciência, aqui, é uma ilusão, logo é mais ilusório ainda crer que uma tradição popular pode ser destruída ou mesmo modificada. Pelo contrário, é a tradição que modifica o novo que sempre vem”, ele comenta.
Com um olhar sempre inquieto, Negro Leo além de músicos tem atuado, participando de peças e filmes como o musical “Pretoperitamar” de Anelis Assumpção em 2019, estrelou os filmes “É Rocha e Rio, Negro Leo” de Paula Maria Gaitán, em 2020, e “A Vilã das 9” de Teodoro Poppovic em 2024. Sua sua trajetória foi biografada no livro “Deixa Queimar”, de Bernardo Oliveira. Em 2022, fez parte da “Ópera Café”, celebrando o centenário da Semana de Arte Moderna no Theatro Municipal de São Paulo. “RELA” é mais uma página desta história.