“Milton + esperanza”, novo álbum da lenda da música brasileira Milton Nascimento e da premiada compositora e instrumentista esperanza spalding, chega em 9 de agosto via Concord Records. Gravado no Brasil ao longo de 2023, “Milton + esperanza” é uma parceria de sonho que virou realidade, a tradução musical de uma amizade acendida há cerca de 15 anos.
O álbum apresenta 16 faixas que celebram e reimaginam cinco dos clássicos mais queridos de Milton, canções originais recém-escritas por spalding e interpretações fascinantes de “A Day In The Life”, dos Beatles, e “Earth Song”, de Michael Jackson, entre outras obras que exploram com carinho a música do Brasil. As participações especiais incluem Paul Simon, Dianne Reeves, Lianne La Havas, Maria Gadú, Tim Bernardes, Carolina Shorter e Shabaka Hutchings, entre outros.
“Milton + esperanza” brilha com duetos entre essas duas vozes clássicas, musicalidade requintada e aquilo que spalding identifica como tema central do álbum: a importância de as gerações mais jovens criarem, aprenderem e construírem novos mundos com os mais velhos.
Milton Nascimento é um talento único em sua geração, um orgulho do Brasil amado em todo o mundo. Elis Regina declarou certa vez que “se Deus tivesse uma voz, seria a de Milton”. Ele começou a gravar discos no final dos anos 60 e foi imediatamente reconhecido como um inspirado cantor de temas abrangentes — músicas sobre amizade, amor e harmonia racial, indo do comentário social e de protesto a inspiração na natureza — que possui a brilhante capacidade de criar melodias, texturas e harmonias imprevisíveis.
A música de Milton Nascimento influenciou gerações de talentos. Entre eles, o da jovem spalding, que ouviu sua música pela primeira vez em um jantar com amigos brasileiros. Um dos convidados colocou para tocar “Native Dancer”, a colaboração de 1975 de Milton com o saxofonista e compositor americano Wayne Shorter. “Fico arrepiada só de pensar naquele momento”, diz esperanza. A vida dela mudou ali: “Em noventa por cento das coisas que escrevo, penso nele. Penso em sua voz. Estou me imaginando cantando com ele. Ele é uma parte muito presente de minha imaginação criativa.”
Como um sonho que esperanza spalding não esperava que se tornasse realidade, eles se encontraram no Brasil e uma amizade se formou (graças, em parte, a uma apresentação feita por Herbie Hancock). A primeira colaboração veio no lançamento de 2010 de Spalding, “Chamber Music Society”, com Nascimento cantando em “Apple Blossom”.
“Milton + esperanza” foi gravado ao longo de 2023 e produzido, arranjado e produzido por spalding. Embora alguns trabalhos tenham sido feitos nos Estados Unidos, a maior parte das gravações aconteceu no Rio; a autenticidade e a presença física foram cruciais para o projeto. Ele conta com a banda principal de spalding, composta por Matthew Stevens (guitarra), Justin Tyson e Eric Doob (bateria), Leo Genovese (piano), Corey D. King (vocais, sintetizadores) e vários músicos brasileiros, incluindo a Orquestra Ouro Preto, os percussionistas Kainã Do Jêje e Ronaldinho Silva, e Lula Galvão e Guinga no violão.
“Outubro”, lançada originalmente em 1969 e incluída no álbum “Courage”, é a música mais antiga de Milton em “Milton + esperanza”, e uma das mais arrebatadoras. É um dueto verdadeiramente grandioso, que mostra o quão dinâmicas são as vozes de Nascimento e Spalding ao se misturarem. Outro item imponente do cancioneiro de Milton revisitado é “Cais”, parte de seu álbum duplo “Clube da Esquina”, de 1972. Sintetizando as ambições pop caleidoscópicas dos Beatles, o jazz exploratório de John Coltrane e Miles Davis, a música clássica ocidental e a música indígena brasileira, “Clube da Esquina” é o tipo de obra-prima que os amantes da música passam entre si. Foi premiado com 9,5 pela Pitchfork em uma de suas famosas resenhas de domingo, em 2018, considerado “um dos álbuns mais ambiciosos da história brasileira”.
As faixas originais de esperanza do álbum incluem as exuberantes “Wings for the Thought Bird” e “Get It By Now”, novas adições a seu catálogo em constante evolução. Interlúdios místicos mostram Milton e esperanza conversando e, na faixa de abertura, dando juntos uma risada alegre que dá o tom celebratório do álbum. Ele termina com uma versão de nove minutos de “When You Dream”, de Wayne Shorter, tema que fez parte de seu álbum de 1985, “Atlantis”. Com a participação de Carolina Shorter, viúva do saxofonista, é um encerramento poderoso e emocionante para um projeto que buscou inspiração na conexão com os mais velhos — além, é claro, de uma forma de homenagear Shorter, mentor e colaborador de Spalding, morto em 2021.
“Milton + esperanza” é o primeiro álbum novo de spalding desde “songwrights apothecary lab”, de 2021, que, juntamente com “12 Little Spells”, de 2019, ganhou o GRAMMY de “Melhor Álbum Vocal de Jazz”. No ano passado, spalding lançou uma música de protesto intitulada “Não Ao Marco Temporal”, que foi gravada no Rio e aborda o Marco Temporal, uma iniciativa no Brasil que ameaça os direitos à terra dos indígenas brasileiros e representa um grande risco para a floresta amazônica. Ganhadora de cinco GRAMMYs e 11 indicações, spalding já lançou oito álbuns completos e, além de trabalhar com seus heróis, pessoas como Milton e Wayne Shorter, colaborou com Q-Tip, Janelle Monae, Robert Glasper, Terri Lyne Carrington e muitos outros. Como compositora, seus créditos incluem escrever o libreto para a ópera “Iphigenia”, com Wayne Shorter, que estreou em 2021. Também filantropa e ativista, ela está atualmente trabalhando para criar um santuário de artistas pretos e nativos americanos em sua cidade natal, Portland, nos EUA.