Três torcedores do Valencia foram condenados a oito meses de prisão na Espanha por ataques racistas a Vinícius Junior. Os envolvidos também foram punidos com a proibição de entrar em qualquer estádio de futebol por dois anos, além de multas.
“Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas “jogar futebol”. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos. Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí” – Vini Jr.
O presidente da LaLiga, Javier Tebas, comemorou a condenação, a primeira deste tipo na história do futebol espanhol. “Esta sentença é uma ótima notícia para a luta contra o racismo na Espanha, pois repara os danos sofridos por Vinicius Junior e envia uma mensagem clara para aquelas pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar que a LaLiga irá detectá-los, denunciá-los e haverá consequências criminais”, disse.
Em 21 de maio, em jogo entre Valencia e Real Madrid, Vinicius sofreu ataques racistas brutais no Mestalla. Gritos de “mono” (macaco, em espanhol) ao longo do jogo. Mas a situação explodiu aos 24 minutos do segundo tempo. Numa jogada feito à esquerda, Vinicius Junior reclamou de uma segunda bola dentro de campo e parte da torcida passou a ofendê-lo com xingamentos racistas.
O árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea foi avisado, conversou com jogadores e com os técnicos dos dois times, além do quarto oficial. O sistema de som do Mestalla emitiu dois avisos: um de que a partida tinha sido paralisada por causa desse episódio de racismo, e o segundo de que ela só voltaria caso os xingamentos e cânticos fossem encerrados. Foram cerca de oito minutos de confusão até a retomada do jogo.
Por volta dos 48 minutos do segundo tempo, começou mais uma confusão na área do Valencia. O goleiro Mamardashvili ameaçou agredir Vinicius Junior e ambos receberam cartão amarelo inicialmente.
O atacante do Valencia Hugo Duro deu um mata-leão no brasileiro, segurando-o pelo pescoço. Ao se desvencilhar, Vinicius acertou o rosto do adversário. Acalmados os ânimos, o VAR chamou Burgos Bengoetxea, que reviu o lance e decidiu expulsar o brasileiro.
Após expulsão, Vinicius Junior saiu de campo aplaudindo e fazendo gesto com o número 2, debochando do risco de rebaixamento do Valencia.
Sem a insistência de Vini Jr. em apontar a inação de LaLiga e usar seu alcance como pessoa pública para pressionar a justiça espanhola, provavelmente não haveria esse resultado final na punição dos torcedores racistas.