Nana Rubim lançou recentemente seu primeiro EP, “Nãna”, projeto apresentado pelo selo AlmaViva, com direito a show no Blue Note Rio, uma das mais tradicionais casas de show do Brasil. A cantora e compositora mineira bebeu no R&B, jazz, blues e MPB as referências para entregar 6 faixas envolventes, românticas e dançantes,que preparam a cena para uma promissora carreira.
O primeiro nome artístico de Nana foi Mari B, o que a colocava em coincidência com um relevante nome do rap, Julia B, mas o que se consolidou na mente da artista foi a homenagem ao sobrenome do avô e da mãe (Rubim). “Foram eles que me deram o o gosto musical, essa coisa pelo Soul, essa coisa pelo Jazz, Stevie Wonder, etc. Então eu quis botar isso um pouquinho mais perto, sabe?”, conta a cantora que escolheu o Nana por ser um apelido óbvio para seu nome de batismo, Mariana.
Ouvir a música de Nana Rubim em seu novo trabalho é um pequeno e agradável passeio por uma sonoridade pop de letras biográficas acessíveis, perfeitas para uma noite de baile charme ou de abraços com quem se deseja. É o caso de faixas como “Sentimento Impuro” e “Shawty Got the Booty”. “Coloquei nesse trabalho um conjunto de todas as minhas referências desses últimos tempos, tudo aquilo que eu achei que cabia. Então, tipo, eu sinto que me inspirei muito em Lauryn Hill, SZA, Sam Walker, todos os grandes e gigantes do R&B, a gente fez, tipo, uma lista, porque eu fiz questão dos meus produtores entenderem a linguagem”, explica.
“O resto, tudo é muito intuitivo, sabe? Eu realmente só estava colocando aquilo que já estava dentro de mim como musicalidade. Então, volto pro Stevie Wonder, volto pra Sarah Vogel, essas pessoas, sabe, que eu ouvi desde sempre, que nunca saíram do meu gosto musical”
Foto: Natália Menim
Num cenário musical moldado por pressa de jingles disfarçados de música, Nana tentou manter a honestidade musical na produção do EP. Ela conta que tentou não cair na armadilha e buscou se diferenciar ao manter a convicção na sua formação musical. Eu acho que me diferencio porque essa pasteurização está cada vez maior na indústria musical, mas eu não sei se isso é necessariamente bom ou ruim, porque querendo ou não, me coloca no lugar de uma pessoa que faz arte meio old school, né?”.
“Quero ser uma cantora que compõe tudo, que participa de tudo, que não bota autotune. É aquela coisa mais raiz, mas foi assim que fui ensinada. Era tudo na base do talento, a base de prezar pela qualidade, sabe? E eu sinto, infelizmente, que às vezes a música está virando uma coisa muito quantitativa”, desabafa Nana.
Na hora de escolher as canções, a mineira preferiu não pesar demais as possibilidades de aceitação do público. Preferia pensar quais eram suas verdades e quais faixas resumem seu momento atual. Foi assim que reuniu as seis canções de verve intimista que soltou nas plataformas neste mês de março. Uma coleção de músicas que se parecem com a cantora que conversa na entrevista, calorosa, orgulhosa e satisfeita. “O processo fluiu naturalmente, até pra eu me achar dentro dele, porque foi meu primeiro EP, eu não sabia como se fazia isso, então eu falei que ‘se eu vou fazer, que eu faça com liberdade’, que eu faça me divertindo”.
Foi nesse processo de se descobrir orgulhosa consigo mesma como artista que fez com que Nana esperasse tanto para lançar um trabalho. “Não é que eu não estava qualificada, mas eu não estava orgulhosa. A minha questão é que eu só ia lançar de fato um EP, uma obra gigante, quando eu estivesse orgulhosa. Isso demorou”.
“Eu não quero ficar despreparada. Eu quero estar preparada para uma coisa que eu vim construindo. Há muito tempo, sabe? Eu não estive parada nem nada. Eu estava no estúdio, eu estava aprendendo, eu estava observando, eu estava fazendo música sem nenhuma pretensão para descobrir os meus dispositivos, como me comunicar e o que eu queria falar de fato. E o EP nasceu quando chegou esse momento na minha vida”, conclui feliz.
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Última atualização em: 19 de março de 2025 às 16:35
Jornalista especializado na área de cultura. Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Guarulhos (UNG), já escreveu sobre música, cinema, literatura e política para Mídia Ninja, Trace Brasil, Site Mundo Negro e Leia Já.
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