Aprendizado libertador como ferramenta de transformação social: assim é a Narrativas Plurais, uma multiplataforma que desenvolve saberes decoloniais e contracoloniais, pensando na divulgação das informações que foram sistematicamente suprimidas pelo processo histórico colonial, que será lançada dia 1º de maio, coincidindo com o Dia do Trabalhador.
Dentro deste espectro, a plataforma inclui trajetórias, poderes, valores e memórias de gênero, raça, ancestralidade, sexualidade, política, espiritualidade, religião, leis, direitos, diásporas, entre outros. O objetivo da Narrativas Plurais é, principalmente, produzir, propagar e tornar acessíveis cursos, workshops, aulas abertas, palestras e formações de saberes que se proponham à reparação dos efeitos da dominação colonial, promovendo uma reflexão e ruptura com padrões de poder colocados historicamente.
Daniele Vallim, idealizadora da plataforma, explica que a Narrativas Plurais é um manifesto em prol do saber decolonial e contracolonial e funciona como um streaming de propagação de saberes decoloniais e contracionais, onde são condensadas informações, workshops e cursos, que não são produções acadêmicas, mas produções audiovisuais.
“É um espaço em que a pessoa vai entrar e terá uma rede de produção prioritariamente audiovisual, de cursos, de clubes do livro, com a representatividade de vozes que representem e que figurem essas pautas e ela terá esse streaming de audiovisual para acesso. É uma plataforma que também terá produção teórica e escrita, mas o principal é a quantidade de materiais audiovisuais, cujo os protagonistas e as protagonistas são pessoas que representam essas vozes”, revela.
No primeiro mês, a multiplataforma disponibilizará uma palestra gravada do Preto Zezé, empreendedor social e ex-presidente da Central Única das Favelas (CUFA), um curso gravado das Mães de Manguinhos e um curso gravado pela jornalista Sara Wagner York, e um clube do livro, gravado pelo jornalista e pesquisador Bruno Manso.
“Nosso objetivo é manter uma linha editorial de propagação de diversas vozes, que vai circular entre uma uma representante de uma comunidade quilombola e também vai ter a produção de uma pessoa acadêmica, mas sempre com o viés contracolonial e decolonial”, afirma Daniele Vallim.
O contracolonialismo figura principalmente pela representatividade de povos indígenas e quilombolas, onde a oralidade é responsável pela transmissão de sabedoria e no saber acadêmico não existe essa oralidade, é necessária toda uma metodologia e pesquisa para a produção desse saber.
Nos últimos meses, grandes empresas de tecnologia, as chamadas “Big Techs”, como Google e Meta, anunciaram o fim dos programas de diversidade e inclusão. Com isso, várias políticas deixaram de ser aplicadas a grupos majoritários, mas que são minorizados socialmente, como pessoas negras e comunidade LGBT+. Para Valim, esse movimento é um retrocesso ideológico das grandes empresas.
“O que essas empresas representam é uma grande regressão quando suprimem as pautas relacionadas à diversidade, quando oprimem direitos civis ou quando oprimem o acesso à informação relacionada a esses direitos. Então, para mim, o que fica quanto ao posicionamento das Big Techs, nada mais é do que uma representação do quanto empresas que representam o norte global são empresas com ideias ultrapassadas”, pontua.
A Narrativas Plurais busca um público que precisa agregar conhecimentos e saberes literários e acadêmicos, levando letramento racial, de gênero, ambiental, de classe e sexualidade. Além disso, a plataforma também oferece ESG às empresas propostas à jornada de transformação dos negócios e envolve a construção de um mundo inclusivo, ético e ambientalmente sustentável, que garanta a qualidade de vida para todos.