Gravando duas séries ao mesmo tempo, Aline Borges se surpreende ao constatar que em 30 anos de carreira é a primeira vez que vive uma situação assim. A atriz vem se dividindo entre as filmagens de “Juntas e Separadas”, de Thalita Rebouças, e a quarta temporada de “Arcanjo Renegado”, história escrita por José Junior – a terceira edição, aliás, estreia dia 14 de novembro. A boa fase profissional que se anunciou no remake de “Pantanal” (2022), na TV Globo, quando interpretou Zuleica, vem se estendendo desde então, principalmente, no streaming. E a cinco meses de completar 50 anos, a carioca vê o momento como uma bênção por toda a semeadura feita ao longo das três décadas de trabalho, também comemoradas em 2025.
“É como se toda a minha trajetória tivesse sendo honrada. Sempre que eu acordo, saio da cama e lembro que estou em dois sets de filmagens, em dois trabalhos diferentes, dando vida a duas personagens ao mesmo tempo, me sinto muito abençoada. Afinal, são 30 anos me dedicando, estudando, não desistindo pelo caminho. Resistindo e acreditando, porque é muito difícil manter uma continuidade nesta profissão. Não sou herdeira. Se eu dormir, eu morro na praia”, afirma Aline, que depois de “Pantanal” esteve nas séries de comédia “B.O” (Netflix) e no drama policial “Dom” (Prime Video), além da peça “Caralampias”, uma homenagem à pioneira do samba, Dona Ivone Lara.
Firme na crença de que nada acontece por acaso, a atriz está justamente na melhor idade para integrar o elenco de “Juntas e Separadas”. Protagonizada por Sheron Menezzes, Natália Lage, Luciana Paes e Debora Lamm, a primeira série escrita por Thalita Rebouças para o público adulto é voltada para mulheres neste universo acima dos 40. Na trama, a personagem de Aline terá um romance com uma das protagonistas. “É uma história linda. De mulheres de verdade, que enfrentam conflitos comuns a toda mulher 40+. Tem emoção, leveza, graça… e o texto da Thalita Rebouças, claro, uma das grandes roteiristas deste país”, elogia a atriz.
Na contramão da leveza de Júlia, está o peso de Joana de “Arcanjo Renegado”. Empolgada por mais uma temporada da série – a secretária da governadora Manuela Berengher (Rita Guedes) está desde a segunda edição – Aline não vê nenhuma semelhança entre as duas personagens, “a não ser a intérprete e a letra J na inicial do nome”, brinca a atriz. Um prato cheio para a artista mostrar toda versatilidade na atuação.
“Joana vem se transformando. Está mais seca, dura, rígida e mais ambiciosa para poder sobreviver no meio da política, junto com esses bandidos de colarinho branco. Como vive em um meio muito distante de mim é a personagem que mais me desafia a dar corpo, estofo para ela”, garante a atriz.
Com 14 novelas na bagagem, além de trabalhos no teatro, cinema e streaming, Aline relembra com carinho alguns personagens. “Na série ‘A lei e o crime’ (Record) eu fazia a Lacraia, e até hoje, mais 15 anos depois, me reconhecem por conta desta personagem, que foi um divisor de águas na minha vida. No streaming, destaco a participação na série ‘Bom dia, Verônica’ (Netflix) e, no cinema, ‘Alemão 2’ (José Eduardo Belmonte / 2022). O remake de ‘Éramos Seis’, onde fiz uma psicanalista inspirada em Virgínia Bicudo, também me rendeu elogios e me puxou para outros trabalhos”, pondera.
A expectativa, agora, é pela chegada dos 50 anos, fase da vida em que Aline já desmitifica para si qualquer assombro, e acredita que será seu melhor momento. “Eu me sinto mais madura para enxergar minhas vitórias e brindá-las. Porque é preciso se reconhecer grande, potente. E não falo de perfeição. Falo da gente aprender a valorizar nossa caminhada. Entender de onde a gente vem, para ressignificar onde a gente quer e pode chegar”, filosofa. Casada há 15 anos com o ator, Alex Nader, com quem tem Nina, de 13, Aline ainda acrescenta ao seu dia a dia a corrida. E não faz apenas como hobby. É um novo estilo de vida que tem ligação direta com o trabalho de atriz.
“Estou desde março (2024) treinando e fiz a minha primeira meia maratona. A corrida me fortalece, traz muitos benefícios, transformou a minha vida, o que me potencializa enquanto artista”, discursa a carioca, eufórica com o que está por vir nestas cinco décadas de vida. “São muitas camadas, descobertas, é muito empoderamento, muita apropriação mesmo da minha potência. Está sendo uma fase muito rica. Em todos os aspectos”, finaliza.