A montagem apresenta a atualidade das críticas sociais realizadas pelo autor há 100 anos e tem direção de Dani Ornellas e Renato Carrera
Musical “Bruzundangas”, dirigido por Dani Ornellas e Renato Carrera, estreia dia 11 de abril, às 19h no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro no (CCBB). Quando Renato Carrera e Dani Ornellas decidiram oficializar sua companhia de teatro, o nome ainda não havia surgido, e nem tampouco o texto que faria essa estreia. Lima Barreto (1881-1922), então, se apresentou, saltando o livro “Os Bruzundangas” da prateleira de uma livraria para Renato, que leu a obra, se apaixonou e decidiu montá-la. Assim começou a história que deu nome à Bruzun Company, composta ainda por Hugo Germano e Jean Marcell Gatti, e os direcionou ao musical “Os Bruzundangas”, uma montagem inédita.
Primeira adaptação da célebre literatura de Lima Barreto para o teatro, a peça é uma comédia satírica que bebe da fonte do teatro de revista, apresentando a vida brasileira nos primeiros anos da Primeira República com números de vedetes, questões políticas e canções, unido a uma dramaturgia que foi formatada através de várias crônicas sobre o mesmo assunto: a temática social brasileira sob um viés político. Bruzundanga é um país fictício, com o qual o nosso Brasil tem afinidades – diversos problemas sociais, econômicos e culturais. Em cena, os quatro atores cantam, dançam e interpretam suas aventuras através da ironia tipicamente carioca, embaladas por canções originais cantadas ao vivo.
![Primeira adaptação da célebre literatura de Lima para o teatro, a peça é uma comédia satírica que bebe da fonte do teatro de revista](https://www.pretessencias.com.br/wp-content/smush-webp/2024/04/roberto-carneiro-bruzundangas-ccbb-002-1-1024x683.jpg.webp)
Publicada postumamente em 1922, a obra de Lima contempla, sobretudo, a temática social, privilegiando os pobres, os boêmios e os arruinados, assim como a sátira que criticava de maneira sagaz e bem-humorada os vícios e corrupções da sociedade e da política. E este perfil veio ao encontro da demanda da companhia, que busca mostrar Lima Barreto de uma forma que ele não costuma ser mostrado.
“Não vemos uma foto do Lima sorrindo, por exemplo, só se fala que ele era alcóolatra e coisas do tipo, sendo que ele é um dos nossos maiores escritores. Na minha infância eu passava com meus pais pela porta do CCBB sem adentrar o espaço, que parecia não ser feito para pessoas como nós. Eu sou uma mulher preta e hoje estar estreando na direção teatral, com esta peça e neste teatro, sinto como um reforço do meu propósito de dar voz aos meus pais, que hoje já não estão aqui em matéria, e a tantas outras pessoas pretas e indígenas que foram enterradas no entorno deste prédio e nele não puderam entrar. É muito significativo pra mim”, pondera Dani Ornellas.
A montagem conta com patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e seguirá em temporada pelos Centros Culturais Banco do Brasil Belo Horizonte e Brasília.