A noite de ontem (20) foi marcada pela posse de um novo membro da Academia de Cultura da Bahia (ACB). Trata-se da poetisa Ana Cecília Ferreira, autora dos livros “Parida pela Liberdade” e “Nossa Pele”, que foi empossada durante uma cerimônia no Hotel Portobello, em Ondina, depois de ser eleita de forma unânime pelos integrantes da casa durante votação em novembro.
Estiveram presentes na cerimônia o ex-presidente da Academia de Letras da Bahia e atual presidente do Instituto Geográfico e Histórico do estado, Joaci Góes; a educadora e embaixadora da paz pela Federação para a Paz Universal (UPF Universal Peace Federation), ONG consultiva da ONU, e membro da ACB, Maribel Barreto; a membro da academia e desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia, Joanice Guimarães; a ativista cultural e literária, Josenita Luz, acadêmica da ACB que indicou o nome da poetisa; o maestro e membro da Academia, Alcides Lisboa, além de familiares e amigos de Ana Cecília. A noite contou com uma apresentação do Coral dos Odontólogos da Bahia, seguida de um jantar para convidados.
A surpresa ficou por conta da sua patrona, que é a Yalorixá Elza Ferreira, mãe biológica de Ana, que contribuiu por décadas para a cultura de matriz africana em Salvador. “Essa titulação é um atestado de que nós, mulheres, podemos e devemos sonhar, falar de amor, de dor, defender a arte potente que fazemos. Muitas mulheres me fizeram chegar aqui, e isso é uma forma de honrar não só a minha trajetória, mas de todas essas mulheres que vieram antes tecendo caminhos”, falou, emocionada.
Ana foi convidada pela ACB a fazer um discurso em nome de todos os empossados da noite e entregou ao presidente da casa uma obra de arte em homenagem à sua patrona feita pelas mãos do artista plástico Marcelo Gomes. “Sou filha de uma mulher que me ensinou o que é meu de direito e nesse espaço honroso farei minha voz ecoar em direção às transformações necessárias com a coragem herdada de D. Elza. Eu sou uma Ferreira da Silva com muito orgulho”, disse.
Ana Cecília atua ainda como psicóloga, com um trabalho voltado para diversas mulheres em vulnerabilidade social, visando a superação de problemas. Sua infância foi marcada pelo bulliyng e intolerância religiosa e sua escrita tem o objetivo de mostrar que mulheres, ainda que com suas marcas, podem aquilo que elas quiserem. Seu olhar é voltado para a luta contra o preconceito contra as religiões de matriz africana, o racismo e a homofobia, mas ela também narra o amor como combustível da sua vida.
A Academia de Cultura da Bahia foi fundada em 2004 e é presidida por Benjamim Batista, fundador de academias em Portugal, França, Itália e outros países. A ACB surgiu para fortalecer o setor cultural na Bahia, reunindo intelectuais e artistas, promovendo um espaço de valorização das artes baianas.
Ana vem despontando como uma referência na escrita negra contemporânea no estado, com participação em diversos eventos literários. Assina e dirige, em Salvador, o projeto social “Do Avesso à Palavra”, em incentivo à escrita de mulheres. Membro da Academia de Letras e Artes de Lauro de Freitas, no ano de 2023 foi uma das curadoras da 1º Festa Literária de Lauro de Freitas a FLILAURO. Ela tem poemas publicados em antologias nacionais e internacionais, coordena o projeto “A Hora da História”, em incentivo à leitura infantil. Neste ano ela concorre ao Prêmio Zélia Saldanha, com uma obra inédita, prevista para ser lançada no primeiro semestre de 2025.–