Termina hoje a 22º edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começou no dia 9 de outubro. A edição teve em sua programação a Casa da Favela, criada pela Agência de Notícias das Favelas (ANF), uma iniciativa reúne representantes da literatura, cultura, arte e pesquisa das periferias do país. A programação – gratuita e aberta ao público – abre espaço para coletivos, escritores, pensadores e artistas.
Um dos destaques da Casa da Favela foi a participação do ator e produtor cultural Pedro Cardoso, que compareceu no primeiro de evento para ler trechos do romance “Viela ensanguentada”, do escritor Wesley Barbosa. Também rolou um bate-papo entre os dois sobre literatura. Cardoso e Wesley estreitaram relações com a estadia do ator em solo brasileiro para temporada de suas peças “O AutoFalante e O Recém-Nascido”.
Questionado sobre a literatura underground produzidapor Wesley Barbosa, Pedro Cardoso lembrou as definições nebulosas que separam mainstream do alternativo. “”Pra mim ‘Viela Ensanguentada’ é mainstream, não é underground. É mainstream de um outro lugar da sociedade que é historicamente desprezada, mas não tem razão para ser. Eu me sinto lendo o coração do Brasil e não algo sobre um país alternativo. Definir esse livro em poucas palavras é impossível”, refletiu.
Ciente das barreiras que a literatura enfrenta para chegar nas existências periféricas, Wesley tem feito um trabalho de divulgação da escrita marginal através de sua editora independente, a Barracão Editorial, com a difusão do trabalho sendo feita praticamente toda no boca a boca. “Uma das minhas maiores felicidades como escritor é saber que um cara da periferia passou a ter gosto por literatura através de um romance ou de um conto que escrevi, porque a literatura representa a vida da gente e escrever a partir deste lugar não é apenas um ato de resistência é um ato político”, afirma.
Significa que a literatura que é produzida na periferia não tem fronteiras e ela pode atingir todas as classe sociais – Wesley Barbosa sobre ser lido por Pedro Cardoso na FLIP