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Pretessências

‘Um Lugar Silencioso: Dia Um’ ganha força na potência dramática de Lupita Nyong´o, embora perca ritmo tentando sustos fáceis

'Um Lugar Silencioso: Dia Um' ganha força na força dramática de Lupita Nyong´o, embora perca ritmo tentando sustos fáceis

A franquia Um Lugar Silencioso chega ao seu terceiro episódio cheia de fôlego após os dois primeiros filmes dirigidos por John Krasinski. Crítica e público abraçaram a premissa e o desenvolvimento dos seres humanos tendo de sobreviver em um mundo apocalíptico invadido por alienígenas que caçam se guiando pelo som.

Michael Sarnoski, diretor do ótimo Pig – A Vingança, assume o comando da direção, enquanto Krasinski vira produtor executivo e o resultado ainda se mantém satisfatório.

Interpretada por Lupita Nyong’o, Sam é uma mulher lidando com os sintomas de um câncer terminal e seu cansaço notável de estar limitada por um fim de vida cada vez mais próximo ganha inesperados adversários quando alienígenas monstruosos invadem o planeta matando todo ser vivo que apareça pela frente, se beneficiando do barulho que hordas de pessoas em fuga fazem em Nova York para provocar um genocídio fácil.

Sam está em busca de um último pedaço de pizza quando o mundo começa a ruir e essa busca segue sendo, durante todo o filme, uma metáfora para o desejo da personagem de voltar para casa e aparar as arestas com seu lar e ter um último prazer antes de morrer.

'Um Lugar Silencioso: Dia Um' ganha força na força dramática de Lupita Nyong´o, embora perca ritmo tentando sustos fáceis
Lupita Nyong’o e Djimon Hounsou em cena

Muito bem-vinda a mudança do núcleo dramático e ambientação dessa prequela. Acompanhar uma personagem em crescente debilidade física se torna uma forma a mais de tensão, afastando ainda mais a ideia de heróis inexoráveis sob qualquer situação. Silêncio em uma megalópole é algo quase impossível, o que fornece mais munição para as criaturas e causa mais claustrofobia às vítimas, ainda que em lugares abertos. 

Ver Nova York sair de uma cidade super barulhenta ao completo silêncio para conseguir sobreviver é um paralelo inevitável com o auge da fase aguda da pandemia de Covid 19 (talvez involuntário). Michael Sarnoski se sai bem em sua primeira empreitada dirigindo um filme de grande orçamento e deve ter recebido como um presente ter Lupita Nyong’o como sua protagonista. A atriz, como já tinha feito em filmes como Nós e 12 Anos de Escravidão, faz do olhar uma arma poderosa e seu silêncio grita na tela, a ponto de imprimir qualquer sentimento no espectador apenas com um gato em mãos e sua vasta gama de expressões. 

Felizmente, para o diretor e para o público, mais nuances são adicionadas quando somos apresentados ao personagem de Joseph Quinn, Eric, um advogado perdido, afundado na ansiedade, contrastando com o pragmatismo de Sam. Quinn e Lupita funcionam bem juntos e o filme cresce durante o estabelecimento dessa relação. Há uma ótima quebra de expectativa com o roteiro, evitando tratar a protagonista como uma mulher que encontrou um salvador, mas sim o contrário. Sam acaba servindo como um farol para o advogado não se entregar completamente ao trauma causado pela invasão.

'Um Lugar Silencioso: Dia Um' ganha força na força dramática de Lupita Nyong´o, embora perca ritmo tentando sustos fáceis
Joseph Quinn é “Eric”

A construção de mundo não é expandida e explicações sobre as criaturas seguem ausentes, sendo ou não um problema, ficando mais ao gosto do espectador. O retorno dos personagens de Djimon Housou e família, (presente em Um Lugar Silencioso: Parte II) não acrescenta em nada a história, sendo um desperdício da presença do ator.

Ao contrário dos filmes anteriores, os sustos são construídos com menos cuidado. Ultrapassando em vários momentos a linha em direção a ser um filme de ação, Dia Um acertaria mais em seguir com uma filmagem mais intimista em cima da dinâmica entre Nyong’o e Quinn. Se o suspense se constrói em algum momento, muito por conta da boa performance da dupla, quase nenhum jumpscare funciona, causando frustração por um recurso ser tão mal utilizado em meio a boas sequências dramáticas. 

Um Lugar Silencioso: Dia Um traz uma ótima protagonista e uma boa relação central costurada com sensibilidade. Embora peque aqui ou ali nas indecisões do roteiro, passa longe de comprometer o futuro de uma franquia que parece querer ir longe. A busca pessoal de Sam, sem querer salvar o mundo ou entender as razões do desastre, é identificável e de fácil engajamento, ainda mais quando quem conta essa história é Lupita Nyong´o.

Última atualização em: 2 de julho de 2024 às 18:36

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