Chegou aos cinemas na última quinta-feira (17), “Super/Man: A História de Christopher Reeve”, um documentário que explora a trajetória do ator imortalizado por interpretar o Superman. O filme chega como homenagem especial ao astro, cuja morte completou 20 anos na última semana.
O longa acompanha a ascensão de Christopher Reeve na indústria cinematográfica, se transformando no rosto mais conhecido de Hollywood, seus amores, relação com os filhos e destaca a sua trajetória após o acidente que o deixou tetraplégico. Após ter ficado preso a uma cadeira de rodas, o ator se tornou um defensor incansável das pesquisas com células-tronco, essenciais para a evolução do tratamento de pessoas com paralisia.
É uma surpresa muito boa ver um documentário sobre uma estrela tão admirada não se tornar puramente propaganda chapa branca ou o outro extremo, se tornar uma narrativa sensacionalista explorando os deslizes do retratado. Entendendo a importância de resgatar as memórias de uma figura icônica como Reeve, o melhor intérprete do Superman/Clark Kent até hoje, os realizadores Ian Bonhôte e Peter Ettedgui conferem ao personagem biografado a justa dose entre humanidade e divindade que sua aura exala entre os fãs de todo o mundo.
Ao entrecortar as falas de familiares próximos com a do próprio Reeve, o documentário consegue captar uma variedade de camadas emocionais sobre a personalidade do ator, sejam suas dúvidas sobre a carreira, a união com a primeira esposa ou a distância dos filhos.
Reeve mostrou em 1978 que o homem podia voar e ninguém duvidou disso quando a capa vermelha tremulava entre os prédios ou quando ele pousava suave com Lois Lane nos braços. A passagem em que o ator aparece compenetrado no set, sob o relato do diretor Richard Donner, é de arrepiar!
Toda a narrativa é acompanhada de uma simbólica estátua do Superman em voo, que é danificada conforme o acidente e as contradições do ator são reveladas pelo longa. O corpo que um dia espantou o mundo ao cortar os ares, passaria o resto de sua vida sem movimentos expressivos do pescoço para baixo, e assim, a estátua se quebra como o kryptoniano em frente a uma pedra de kryptonita.
Super/Man não explora o que parece ser a passagem mais conturbada da vida pessoal do ator, que é a separação da primeira esposa. É possível captar alguma mágoa nas falas do filho mais velho quando fala sobre o assunto, mas os diretores preferem não jogar luzes sobre as possíveis infidelidades e eventuais brigas entre o casal. A escolha é por reforçar o apoio dado por ela enquanto Reeve era catapultado ao posto de astro do cinema.
Não há grandes revelações sobre a vida de Christopher Reeve, mas o fio narrativo é tão emocionalmente interessante, que mesmo rever informações já conhecidas se torna agradável. O amor e o luto são os temas principais sobre um homem que buscava “a cura do amanhã” e queria desesperadamente viver.
Interessante também saber mais sobre a proximidade de Reeve com o ator Robin Williams, com o ator e humorista sendo um dos grandes pontos de apoio para que o intérprete do Superman voltasse a falar em público após o acidente. E a participação de Williams no filme é de dar um nó apertado na garganta e no peito. Morto em 2014 após sucumbir na batalha contra uma severa depressão, Robin Williams, nas palavras de Whoopi Goldberg, outra grande amiga de Reeve, estaria vivo se não fosse a morte do amigo.
No evento de homenagem, após a morte de Christopher Reeve, ver Robin Williams fazer piadas, fazendo os presentes rirem, enquanto seus olhos choram, é devastador.
Outro acerto importante do filme é pintar um retrato bem-vindo e respeitoso de Dana Reeve, esposa e mãe dos filhos mais novos de Christopher. Ela é descrita de maneira generosa por todos que dão depoimento, incluindo a primeira esposa do ator. A solidão e a luta de Dana para se manter positiva diante das dificuldades de ter perdido “parte de seu marido”, garantem lágrimas incontroláveis. Ela faleceu, vítima de câncer de um câncer no pulmão, aos 44 anos, pouco tempo depois da morte do esposo.
“Super/Man: A História de Christopher Reeve” é um documentário honesto, emocionante e garante boas lágrimas a qualquer um que tenha empatia e coração.
COMO FOI O ACIDENTE DE CHRISTOPHER REEVE?
Em maio de 1995, durante um campeonato de hipismo — uma das diversas atividades esportivas que praticava —, Reeve sofreu uma queda quando seu cavalo hesitou, ao realizar um salto. O astro fraturou as duas primeiras vértebras cervicais, e uma lesão em sua medula espinhal o deixou paralisado do pescoço para baixo.
Dirigido por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, “Super/Man: A História de Christopher Reeve” inclui imagens inéditas do arquivo pessoal da família Reeve e entrevistas filmadas com os filhos do ator, amigos próximos e estrelas de Hollywood, como Glenn Close (‘Atração Fatal’), Whoopi Goldberg (‘Mudança de Hábito’) e Jeff Daniels (‘Debi & Loide – Dois Idiotas em Apuros’).
O longa representa o primeiro lançamento da DC Studios sob o comando de James Gunn e Peter Safran, atuais coCEOs do estúdio.