Após uma reação super negativa do público com o primeiro trailer divulgado da primeira aventura de Sonic nos cinemas, em 2020, parece que tudo mudou, e o ouriço azul da Sega voltou a reviver seus momentos de popularidade. Do primeiro design esquisito e nada simpático para o visual mais próximo ao clássico, a Paramount gastou um pouquinho a mais no tratamento dos efeitos especiais, mas, ouvir o público, isso se mostrou um acerto e um exemplo de como se comunicar com o espectador. Divertido e carismático, o filme arrecadou US$ 319 milhões mundialmente, pouco antes da pandemia de covid fechar definitivamente o mundo.
“Sonic 2” trouxe Knuckles (Idris Elba) e Tails (Colleen O’Shaughnessey) para encorpar o elenco da adaptação, passando pelo desafio de agradar público e crítica, arrecadando US$ 405,4 milhões. Agora, chegou aos cinemas o terceiro filme do mascote icônico da Sega e nada de maldição do terceiro filme. Com a presença divertidíssima de Jim Carrey em dose dupla, voltando ao papel do vilão Robotnik, só que dessa vez acompanhado por um parente igualmente maldoso e de Shadow, a versão de “poucas ideias” de Sonic e um dos personagens mais queridos da franquia de videogames.
Sonic, Knuckles e Tails se reúnem para enfrentar Shadow, que possui os mesmos poderes do trio, mas superando-os em todos os aspectos.
Para não desperdiçar a presença de Shadow, dublado por Keanu Reeves, os roteiristas Patrick Casey, Josh Miller, John Whittington e o diretor Jeff Fowler constroem de forma convincente as motivações do ouriço de pelos pretos. A tragédia que torna Shadow um ser obscuro e amargo tem impacto emocional surpreendente, considerando como adaptações de personagens fofos costumam puxar o freio quando o assunto é tragédia. O personagem é o espelho reverso de Sonic, e obriga o heroi a entender como deu sorte de ser acolhido por humanos que cuidaram dele.
O que torna Shadow ainda mais atrativo é conseguir fazer com que seu background não se resuma apenas a ameaças. Quando ele aparece, é objetivo e mostra a que veio. Sua imponência se faz valer quando no confronto mostra a distância de suas habilidades para o trio colorido que dominou os filmes anteriores.
A produção dobra aposta, aliás, triplica ao trazer de volta Robotnik, encarnado por um Jim Carrey super à vontade, que também vive seu avô, Gerald Robotnik. Entulhar ameaças em um filme de aventura pode ser uma catástrofe como vimos recentemente em filmes de super herói. Carrey segue com suas caretas e interpretação over, mas sem jamais passar do ponto do aceitável para um vilão que já é histriônico desde a origem.
A trajetória de Robotnik e seu avô seguem de perto o roteiro do game Sonic Adventure 2, o que vai agradar os fãs mais chatos da franquia. O filme se aproxima ainda mais da dinâmica dos jogos, com as ameaças crescendo e o confronto final dando sinais de que será o mais difícil conforme a minutagem do longa avança.
Faz bem a dosagem menor dos humanos disputando o protagonismo com Sonic e cia enquanto o aumento de espaço de tela de Knuckles e Tails é muito bem-vindo. Tom e Maddie aparecem com importância no filme, mas de forma mais pontual e benéfica ao ritmo do que antes. A Paramount novamente deu ouvido às críticas dos fãs.
O filme conta com duas cenas pós-créditos que revelam mais do que virá no futuro da franquia.
“Sonic 3 – O Filme” é o melhor dos três filmes da franquia e do começo ao fim mantém seu ritmo aventuresco. A pouca participação dos personagens humanos faz o filme ganhar mais fôlego, e Jim Carrey brilhantemente engraçado até nas piadas bobas coloca a produção no topo de melhores adaptações de videogames já feitas.