Com previsão de estreia em 2025, a série documental “Gente do Xingu”, de Takumã Kuikuro, iniciou suas filmagens esta semana no Território Indígena do Xingu. Takumã Kuikuro é um cineasta de renome internacional e membro do povo Kuikuro, que cresceu na aldeia Ipatse, localizada no Alto Xingu.
A série acompanha personagens xinguanos em suas atividades cotidianas, utilizando elementos do cinema direto para retratar a vida no Território Indígena do Xingu, uma área de 2,8 milhões de hectares que une Cerrado e Amazônia. O projeto é uma coprodução entre a Xingu Filmes, o Coletivo Kuikuro de Cinema, Lamiré, Palmira Filmes e Olho-Pião Filmes e tem equipe majoritariamente formada por profissionais indígenas. “Para nós, Kuikuro, o cinema é uma forma de preservar nossas histórias, nossos cantos e a memória dos nossos antepassados. Também é um modo de divulgar para o mundo a força da nossa cultura e exigir respeito ao nosso povo e à floresta”, explica o diretor Takumã Kuikuro.
“Realizamos essa produção através da Lei Paulo Gustavo, importante política pública que descentralizou os recursos da cultura, apoiando produções de grupos minoritários, como pessoas indígenas que são protagonistas nesta série. Isso é um ganho enorme para toda a sociedade porque amplia a visão sobre o que é o povo brasileiro e a força das nossas culturas. Esse trabalho é um fruto de um alinhamento importante entre arte e política.”, comenta Nadja Dulci, produtora da série. A produção vai documentar a riqueza cultural dessas comunidades e as complexidades enfrentadas no dia a dia. Questões como o manejo sustentável da terra, o acesso à educação em aldeias, a preservação da biodiversidade e o diálogo entre práticas médicas tradicionais e ocidentais são algumas das abordagens previstas para os oito episódios.“Nosso objetivo é mostrar que o indígena também tem profissão, que sabemos contar nossas histórias e que queremos viver em paz com a floresta e os não indígenas. Estamos assumindo o protagonismo”, reforça Takumã.Entre os temas, a série também vai falar sobre educação, saúde, agricultura, direitos indígenas, música e tradições culturais, explorando as conexões entre saberes ancestrais e desafios contemporâneos.