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Psicoterapia em forma de filme, “Divertida Mente 2” é um excelente estudo das emoções em forma de animação

Psicoterapia em forma de filme, "Divertida Mente 2" é um excelente estudo das emoções em forma de animação

“Divertida Mente 2”, continuação da história de Riley Andersen, chega aos cinemas quase dez anos após o primeiro filme. Não à toa, o filme já se tornou a maior estreia da Pixar, arrecadando U$ 295 milhões (equivalente a R$ 1,5 bilhão) em seu primeiro fim de semana nos EUA. Tudo que deu certo no primeiro retorna e novos elementos são incorporados de forma sensível e orgânica, condizente com o universo criado.

Com um salto temporal, Riley (dublada aqui por Isabella Guarnieri) está dois anos mais velha e entra na temida puberdade. Isso exige expansão da sala de controle comandada por Alegria, Tristeza, Raiva e Nojinho, que terão de lidar com a chegada das novas emoções da garota.

A abordagem do Diretor Kelsey Mann trabalhando em cima do roteiro de Dave Holstein e Meg LeFauve é a mais acertada possível. O plot do filme foca no desenvolvimento de consciência de Riley sobre sua existência, amadurecimento das relações pessoais e tomadas de decisões que dependem cada vez menos dos pais. Com isso, surgem em cena Inveja, Vergonha, Tédio e Ansiedade, as novas emoções que a personagem e seus antigos sentimentos precisarão lidar para agregar no quebra-cabeça de formação de um ser humano mais complexo.

Psicoterapia em forma de filme, "Divertida Mente 2" é um excelente estudo das emoções em forma de animação
Uma das novas emoções, Ansiedade

Alegria (com voz de Miá Mello na versão brasileira) segue liderando e, embora mais flexível em entender a importância das outras emoções na construção de memórias da Riley, ainda acredita que o acúmulo de boas memórias em detrimento das más experiências é o melhor caminho para que tudo fique nos eixos.

É muito interessante o estabelecimento da dinâmica das novas emoções, com a Alegria perdendo espaço rapidamente para o comando da incontrolável Ansiedade que, assim como na vida real, parece prever tudo que vai dar errado, trazendo soluções para possíveis problemas catastróficos, o que soa tentador até para as outras emoções, mas temos uma ideia de onde isso vai parar.

O filme também acerta ao dividir a narrativa em dois núcleos de emoções. Enquanto o quarteto antigo tenta a todo custo recuperar o controle da mente da garota, os novos personagens ganham tempo de tela para mostrar que possuem tanto carisma quanto.

Querer agradar novos amigos enquanto teme perder os atuais, fingir ser uma pessoa que não é, variação constante de emoções e inabilidade social crônica são abordados com humor certeiro que magistralmente atinge todos os públicos ao mesmo tempo. O adulto se diverte enquanto a criança não tem sua inteligência subestimada, como nos áureos tempos da Pixar.

Estou certo de que nem mesmo a pessoa mais apática deixará de se identificar com alguma passagem do filme: a trajetória da Riley é ou foi a trajetória de todos nós. Não é exagero dizer que acompanhar a exibição do filme incentiva fortemente a começar uma psicoterapia. Entender como funciona as particularidades de cada uma das emoções é instigante, aflitivo, engraçado… tudo ao mesmo tempo. A gente se pega torcendo pela estabilidade emocional da protagonista, até antipatizando as novas nuances sentimentais, mas entendendo a necessidade de passar por esses eixos psicológicos para maturar como pessoa.

Mais uma vez, a jornada é em busca da autoaceitação como pessoa. O trecho final é tocante, ainda mais para pessoas que entendem como é conviver com uma ansiedade descontrolada dentro de si e saber que ela está lá, sofrendo com você, mas que não pode fugir à sua natureza, enquanto a alegria precisa cada vez mais ceder espaço a momentos parcos de protagonismo.

A dublagem brasileira mais uma vez dá um show. O elenco conta com Miá Mello como Alegria, Leo Jaime como Raiva, Katiuscia Canoro como Tristeza, Dani Calabresa como Nojo, Otaviano Costa como Medo, Tata Werneck como Ansiedade , Eli Ferreira como Tédio, Gaby Milani como Inveja e Fernando Mendonça como Vergonha. Cada um dos atores confere imenso carisma a cada um dos sentimentos coloridos e é difícil escolher um destaque. Particularmente, tenho uma queda pela Tristeza de Katiuscia Canoro.

“Divertida Mente 2” é uma maravilhosa viagem terapêutica em forma de animação. A Pixar mais certeira em um de seus filmes mais inteligentes.

Última atualização em: 1 de julho de 2024 às 16:01

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