“Paddington: Uma aventura na Floresta” chegou aos cinemas para selar a trilogia iniciada em 2014. “As Aventuras de Paddington” fez surpreendentes $227 milhões em bilheteria, o que gerou uma continuação em 2017 igualmente bem-sucedida, tanto em crítica quanto em aceitação do público. O novo longa tinha a missão de manter a qualidade dos antecessores e, em certa medida, conseguiu.
“Paddington 3”, dirigido por Dougal Wilson, continua a saga do adorável urso turista peruano criado por Michael Bond em 1958. O enredo gira em torno de Paddington (Ben Whishaw) e sua família adotiva, os Browns, indo ao Peru visitar a tia Lucy, mas o encontro com um ganancioso caçador de tesouros muda os rumos da viagem.
A narrativa mantém o tom leve e divertido, com Paddington sendo um personagem muito carismático e afável. A mudança de cenário dá fôlego à franquia sem descaracterizá-la. A adição dos novos personagens se mostra uma escolha acertada do diretor, com os vilões interpretados por Antonio Banderas e Olivia Colman se juntando ao estelar elenco formado por Sally Hawkins, Hugh Bonneville, Madeleine Harris e Jim Broadbent retornando em seus papéis anteriores.
Paddington é uma figura bondosa e otimista, o que sem dúvida precisamos nos dias atuais. Sua curiosidade quase ingênua funciona como refresco para quem procura refresco para tempos tão maliciosos. Suas trapalhadas são bobas, mas no bom sentido. O humor do filme funciona para adultos e para crianças sem subestimar a inteligência de nenhum dos públicos.
Os personagens secundários, como a família Brown, ao contrário do que costuma acontecer em filmes onde animações interagem com seres humanos, não entediam o filme. É a relação com eles que desenvolve a profundidade do protagonista.
A direção de Dougal Wilson é carinhosa. É perceptível como o diretor ama a franquia. Embora haja aqui e li alguns problemas de ritmo na aventura, o saldo final é positivo, com as tiradas autorreferenciais sendo um aceno bem-vindo a quem acompanha esses personagens desde o primeiro longa ou nos desenhos animados.
Muito bem animado, os efeitos visuais e a animação mostram evolução em comparação aos filmes de 2014 e 2017. A interação de Paddington com o mundo e com as pessoas é totalmente crível, impressionando se levar em conta que a concepção do personagem ainda é caricatural.
É sempre gratificante ver atores veteranos se divertindo em obras descompromissadas e em “Paddington 3” temos isso em dose dupla. Banderas como Hunter Cabot lembra um pouco o pirata que ele encarnou em um dos filmes do Bob Esponja, reforçando o bom timing de humor para personagens fora da caixinha que o ator possui. Risadas genuínas são tiradas nas interações entre Cabot e seus antepassados.
Olivia Colman está irresistível como a freira de caráter duvidoso. A atriz empresta seus grandes olhos expressivos ao sagaz roteiro de Mark Burton, Jon Foster e James Lamont de forma deliciosa.
“Paddington – Uma Aventura na Floresta” garante risadas de forma tão encantadora quanto suas prequências, sem deixar de abordar assuntos como pertencimento, saudade, família, ganância, diversidade e a importância de ajudar os outros. Sem ser panfletário, o longa se escora na gentileza e carisma de seu protagonista, ao mesmo tempo que o evolui enquanto personagem. Embora não reinvente a roda da própria franquia, “Paddington 3” é uma adorável experiência.