Nascida no interior do Pará, em meio à Floresta Amazônica, Dira Paes estabeleceu uma conexão com a natureza desde cedo. Segundo a atriz e diretora, o ativismo ambiental veio antes de sua profissão, aos 13 anos. Este foi um dos fatores que serviram de inspiração para seu primeiro trabalho na direção e roteiro de um longa-metragem: “Pasárgada”. Depois da estreia mundial em Gramado, onde venceu Melhor Desenho de Som, o filme chegou aos cinemas no dia 26 de setembro. A produção foi assinada pela Muiraquitã Filmes, Imã Filmes e Baderna Filmes, com coprodução da Globo Filmes. A distribuidora Bretz Filmes acaba de divulgar um trecho inédito do filme, confira
“Pasárgada” surgiu de uma experiência pessoal de Dira Paes. Durante a pandemia da Covid-19, a artista se isolou entre as montanhas do Arraial do Sana (Macaé, RJ), onde o longa foi rodado. Rica em biodiversidade, a região abrange parte da Mata Atlântica e é uma das áreas mais procuradas por pesquisadores de aves no mundo, o que serviu de inspiração para a criação da narrativa. Irene é uma ornitóloga de 50 anos, que está fazendo uma pesquisa na floresta tropical para realizar um trabalho de mapeamento de pássaros. Guiada por Manuel, um mateiro vivido por Humberto Carrão, Irene se vê em face das suas escolhas e do resgate da sua essência.
Os dados de que, no Brasil, 80% dos animais contrabandeados são pássaros e que o tráfico de animais silvestres é o terceiro maior do mundo, perdendo apenas para armas e drogas, acionaram ainda mais as inquietações de Dira Paes para tratar desse universo em “Pasárgada”.
Para transmitir as sensações de Irene e convocar o espectador a compartilhar o cotidiano da pesquisa de uma ornitóloga, a diretora dedicou muita atenção ao desenho de som do filme. “Para uma ornitóloga como Irene, ouvir é ver de olhos fechados. Então a identificação do espectador é vivenciar as nuances daquele mundo de sons. Sentir o que a personagem sente é em grande parte ouvir o que ela ouve”, conta. Por isso, este é um filme sensorial que dá espaço aos sons da natureza e à maneira como eles nos afetam e se relacionam com quem circula pela floresta. “’Pasárgada’ é a jornada solitária de uma ornitóloga que, surpreendida pelo resgate da sua tropicalidade, entra em contato com dilemas e escolhas, enfrentando as consequências de suas pesquisas naquele paraíso”, conclui Dira. “Quem dera que pudéssemos voar tão livremente quanto os pássaros”.