Karla Sofía Gascón, atriz que estrela o 13 vezes indicado ao Oscar “Emília Perez”, está sendo exposta após tweets antigos dela atacando ferozmente o islamismo, George Floyd e o movimento Black Lives Matter
As postagens de Gascón começaram a circular na manhã de quinta-feira, dias após ela acusar sem nenhuma prova a equipe da brasileira Fernanda Torres, também indicada ao Oscar, de atacá-la. “O que eu não gosto são equipes de mídia social — pessoas que trabalham com essas pessoas — tentando diminuir nosso trabalho, como eu e meu filme, porque isso não leva a lugar nenhum. Você não precisa demolir o trabalho de alguém para destacar o de outra pessoa. Eu nunca, em nenhum momento, disse nada ruim sobre Fernanda Torres ou seu filme. No entanto, há pessoas trabalhando com Fernanda Torres demolindo a mim e a Emilia Pérez . Isso fala mais sobre o filme delas do que sobre o meu.”
Vários usuários tem compartilhado capturas de tela e críticas às opiniões de Gascón. Menos de um mês depois que George Floyd foi assassinado em Minnesota em 2020, inspirando protestos pelo mundo sob o tema Black Lives Matter, Gascón compartilhou: “Deixe-me entender, um cara tenta passar uma nota falsa após consumir metanfetamina, um policial idiota chega e vai longe demais ao prendê-lo, matá-lo, arruinar a vida de sua família e de seus colegas e transformar o cara com a nota em um herói mártir”, ela escreveu (em espanhol, que foi traduzido aqui pelo Google Translate). “Eu realmente acredito que muito poucas pessoas se importaram com George Floyd, um viciado em drogas e um traficante, mas sua morte serviu para destacar mais uma vez que há aqueles que ainda consideram os negros macacos sem direitos e aqueles que consideram a polícia assassina. Tudo errado.”
Ainda em 2020, a atriz opinou sobre os muçulmanos que moram na Espanha. “Desculpe, é só impressão minha ou há cada vez mais muçulmanos na Espanha? Toda vez que vou buscar minha filha na escola, há mais mulheres com os cabelos cobertos e as saias abaixadas até os calcanhares. Talvez no ano que vem, em vez de inglês, tenhamos que ensinar árabe.”
Sobre o islamismo, ela sugeriu uma proibição: “Até que proíbamos religiões que vão contra os valores europeus e violam os direitos humanos, como o islamismo, sob a proteção da liberdade de culto, não acabaremos com parte do enorme problema que enfrentamos. A fé manipula aqueles que se apegam à fé.”
As postagens viraram matéria nos principais portais de entretenimento do mundo. O escritor da Vanity Fair, Chris Murphy, opinou sobre as postagens de Gascón sobre Floyd: “Você não pode inventar essas coisas… pelo amor de Deus, não dê um Oscar a essa mulher!!!”
Aparentemente, a equipe da atriz espanhola começou a apagar as postagens. Até o momento, Gascón não se pronunciou.
O crítico Pablo Villaça considera essa polêmica o fim das chances de Karla Sofía Gascón no Oscar 2025. “Karla Sofía Gascón está FORA da competição. Não oficialmente, claro, mas as chances dela ACABARAM. E por incrível que pareça, o que garantiu isso nem foi a islamofobia, mas as críticas ao Oscar e – a ironia – às políticas de inclusão da Academia.Acabou pra ela. Fim. Nem precisa ir à cerimônia”, postou no threads.
Recentemente, Fernanda Torres também enfrentou polêmicas. Uma esquete sua no Fantástico foi relembrada e a atriz veio a público pedir desculpa. “No passado, há quase vinte anos, eu aparecia em blackface em uma esquete de um programa de TV brasileiro. Eu sinto muito por isso. Estou fazendo esse comunicado, pois creio ser importante tocar nesse assunto e evitar mais dor ou confusão”, escreveu Fernanda, em declaração ao Deadline.
A esquete em questão, intitulada “Sexo Oposto”, foi exibida em 2008 e tratava das diferenças entre homens e mulheres. No episódio, Fernanda interpretava uma empregada doméstica negra em uma cena em que questionava quem era mais importante na família, a mãe ou o pai.
A atriz explicou que o simbolismo do blackface ainda não era tão disseminado. Embora saibamos que o movimento negro já discutia o tema há anos. “Graças a um melhor entendimento cultural e feitos importantes, mas ainda insuficientes, de avanço nesse século, é claro hoje em nosso país e em todo o mundo que o blackface é inaceitável”, afirmou.
