Estava pensando sobre a relação da Rebeca Andrade e Daiane dos Santos com mulheres pretas anônimas, e cheguei a conclusão que elas são um trampolim para os nossos sonhos. Independente se a gente entende de esporte. Quando a gente vê uma mulher preta retinta periférica subindo no pódio, conquistando um bronze que deu origem para prata e agora um ouro, faz com que a gente acredite que somos capazes de qualquer coisa. Mesmo com pouco recurso, mesmo com preconceito, mesmo com sabotagem. A vitória dessas meninas fala sobre fé, constância, determinação, potência. Imagina o orgulho da Daiane ao ver a herança que ela deixou para o nosso país.
Toda mulher preta já foi apenas uma neguinha, mas essa neguinha também pode ser a negra provedora e vitoriosa. Olimpíada nunca foi só entretenimento. É o esporte salvando e promovendo uma vida melhor. É o esporte conscientizando o país. Imagina se o nosso país investisse sério nos nossos atletas?
A Rebeca, Daiane e até mesmo a Simone ensinam muito sobre perseverança, dedicação, saúde mental. Quando a gente tem motivação, disciplina e foco no que a gente quer, por mais que pelo caminho tenham dificuldades, mas a vitória é certa. Também não posso esquecer da Flávia, Jade, Lorrane e Júlia que nos mostram muito sobre evolução, empatia e apoio com quem corre do nosso lado.
Esse ouro do Brasil veio como um respiro. Veio pra matar nossa sede. A mulher preta é capaz. Ser mulher e de pele preta no nosso país é um ato político, revolucionário. Que a gente lute como a Bia, como a Rafa, mas que a gente também possa voar como a Dai, Rebecca e Simone. E que a gente sempre brilhe no solo das encruzilhadas desse mundo.
A MULHER PRETA É OURO.