Precisamos falar da importância de profissionais pretos e pessoas que de alguma forma trazem cuidado, reabilitação, saúde e ancestralidade para o corpo preto. Quando falamos de autocuidado, costuma-se associar sempre apenas a skin Care (se falando da cultura das redes sociais) e toda parte envolvendo cosméticos, mas atividade física e alimentação saudável, além de acompanhamento profissional em outras áreas, é muito importante. Massoterapia, por exemplo, além de relaxamento, trata das carências terapêuticas que geralmente o corpo não recebe. Ainda mais o corpo preto.
Vou falar sobre alguns profissionais pretos que cuidam dessa parte. No caso da massoterapia, há o excelente trabalho do Atelie muxongo. O tratamento deles com o corpo é simplesmente surreal, importante, respeitoso, delicado, responsável e revolucionário.
Nós somos o que comemos e isso é bem problemático em várias camadas. Envolve o capitalismo, rotina e afins, mas profissionais como o nutricionista escolar Leandro Batista e a nutricionista clínica Wendi Cristina tiram todo o peso desse assunto com muito bom humor, inclusão, reflexões, e a atenção que nem sempre se recebe quando se é um corpo não-branco.
E por falar em terapia, você já se cuidou com algum psicólogo preto? Eu me cuido com uma mulher preta que me fez ressignificar todo o meu conceito de psicologia. Exemplos para se identificar caso tenha resitência com profissionais da área de psicologia são A Fabiana Santos e a Luciana Paula atuam com boas doses de acolhimento, empatia, firmeza, respeito, humor, cumplicidade. Foi na psicoterapia que aprendi a frase “é confortável estar desconfortável nesse processo com você”. E eu desejo que todo mundo fique confortável em mexer nos seus desconfortos.
Desconforto também pode estar relacionado a falta de nutrientes, vitaminas, negligencia com seu cuidado, exames de rotina. Acompanho o Dr Fleury Johnson e fico encantada em como ele se compromete em desmistificar nomenclaturas de doenças, o que causa, qual o público alvo e mais do que isso, o cuidado com a população preta. Um ótimo representante da nossa comunidade.
Às me pergunto se é possível gostar de exercícios físicos sem pressão psicológica e a profissional. Erika Vidal, professora de educação física, me faz acreditar que sim com seu potencial, preocupação, dedicação. Seu carisma atendendo alunos de qualquer idade. Sua inclusão a todas as diferenças, e o humor inconfundível que faz você se encantar. Parece que ela tem o dom de deixar a musculação tão divertida como uma “gastação” entre amigos. Educação física não é só jogar bola. É cuidado, constância, reabilitação e bem estar.
E pra fechar, A Maria Chantal, da página Descolonize seus quadris faz a gente pegar o nosso caos e dançar com ele. Eu não sei se vocês sabem, mas o quadril guarda muitas memórias e pode ser usado como cura. A Chantal explica que rebolar não é somente sobre ser sexy, mas sobre se conectar com os ritmos ancestrais, ser gostoso, terapêutico e não deixa de ser um exercício gostoso.
Acho que a gente que de alguma forma tem visibilidade nos meios de comunicação, temos esse compromisso de “influenciar” de forma positiva vocês acessarem pessoas que trazem conteúdos importantíssimos. Dá pra falar de saúde e assunto sério de uma forma tranquila e acessível.