O racismo é uma das mais poderosas tecnologias criadas pelo homem branco. Junto ao capitalismo, ele mói corpos e destrói espíritos.
Para o racismo funcionar perfeitamente como funciona, é preciso haver um pacto inquebrantável entre todos os brancos, sejam os supremacistas que praticam abertamente a violência, sejam os brancos progresssistas que aplacam suas culpas com notas de repúdio e textos inócuos na internet.
O racismo do homem que imita macaco para um jovem jogador negro teria menos poder de derramar lágrimas de um jovem se a polícia fizesse seu papel de deter o criminoso, o clube adversário ajudasse na identificação, se o Palmeiras, clube defendido por Luighi, se retirasse da competição, se a CBF peitasse a Conmebol e se os jornalistas na beira do campo tivessem ética e senso humanitário. No entanto, nenhum dos fatores citados aconteceu ou vai acontecer, restando apenas a indignação chorosa de mais um homem preto violentado publicamente enquanto exercia a profissão.
Veja, eu, com esse perfil pequeno, não recebo apoio de marcas nem para o meu site de cultura porque apontar abertamente o dedo não é interessante para as marcas. Se posicionar sempre custa caro para certos grupos da sociedade. Mas quem possui o privilégio de poder lutar sem ter tantos prejuízos, prefere apenas vez ou outra brincar que se importa e torcer para a polêmica da vez passar logo e a vida seguir.
Ontem saiu a informação que a senhora que xingou o humorista Eddy Jr de macaco recebeu uma pena de 1 ano de prisão em regime aberto e uma multa. Risos.
Não podemos esperar as canetas das instituições fazerem diferença. O assassino de George Floyd só foi condenado porque houve caos nas ruas. É claro que parte da mecânica do capitalismo é alienar as pessoas a aceitarem que o racismo é parte natural da sociedade, mas não, não podemos aceitar nunca que seja.
Não dá para cobrar que o trabalhador médio se indigne enquanto tenta sobreviver, mas dá para pressionar fortemente quem pode fazer algo a fazer.
A resposta para as lágrimas de Luighi e de tantos outros tem que ser mais que uma indignação resignada. Que tal as páginas pretas gigantes puxarem um bonde? A torcida do Palmeiras? Alguém! SOS
