Em 2007, um sorriso saía de Pernambuco e ficava conhecido pelo Brasil. Alcides do Nascimento Lins aparecia abraçado à mãe em uma reportagem da Globo. Comemorava a aprovação em primeiro lugar, entre os alunos de escola pública, para o curso de biomedicina pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Filho da, então, catadora de lixo Maria Luiza do Nascimento, Alcides era querido na comunidade,visto como um exemplo. Aqueles dias de alegria foram tema de duas reportagens especiais: no Fantástico e o Globo Repórter.
Em 5 de fevereiro de 2010, de forma estúpida, brutal e cruel, tiraram todas as possibilidades de novos sorrisos de Alcides. Um menor de idade acompanhado do adulto João Guilherme Nunes Costa ceifaram a vida do filho de Dona Maria.
Os dois assassinos buscavam um homem de quem queriam se vingar. Bateram à porta da família Nascimento, que indicaram a moradia do homem procurado. Diante de uma porta fechada e cheios de ódio e frustração, os capatazes da estupidez voltaram e executaram o prodigioso estudante na frente de sua família com dois tiros na cabeça.
Infelizmente, mais um jovem prodígio preto, vítima das circunstâncias comuns que quebram tantas vidas de pele escura. A irmã de Alcides, disse na época que o apelido do irmão era “Imperador”: “As pessoas pensavam que era soberba. Mas não era. Era pelas conquistas dele, o desejo de mudar. Esse era o objetivo de ser ‘o imperador Alcides’. Todos o conhecem assim”, relatou.
“Ele dizia que era o imperador e nós éramos as irmãs do imperador e iríamos conseguir superar e chegar aonde quiséssemos. Ele dizia para nunca desistirmos dos nossos sonhos”, concluiu Ana Paula, irmã de Alcides.
O assassino de Alcides foi condenado a 25 anos de prisão. O cúmplice, menor de idade, foi para uma casa de custódia. O Estado de Pernambuco ganhou em primeira instância a ação em que teria de pagar R$3.500.000 para a família do estudante morto.
Alcides foi condenado ao silêncio, mas não ao esquecimento. Ele nunca compareceu à festa de formatura, mas duas de suas irmãs se formaram pela mesma universidade.
Memória eterna ao Imperador Alcides do Nascimento. Jamais devemos deixar nossos Alcides caírem no limbo da memória