2024 foi uma “ferveção”. Perdemos muita gente, choramos, recalculamos rotas, e mesmo assim vimos o sol no “fim do mundo”. Eu tenho o hábito de dizer, que a leitura e a escrita salvam vidas. Quando eu era pequena, enquanto minha mãe limpava a privada dos brancos, com o caderno que eu ganhava da prefeitura na escola, eu escrevia histórias para fugir da minha realidade. Viajava sem sair do lugar, sonhava com novos dias, novos sabores, novas vidas. Aquele caderno e todos os sonhos ali, dentro dele, me salvavam do tiroteio, do preconceito, do medo, da exclusão. Eu sabia que um dia, através daquelas histórias, eu iria sair dali com outra realidade, e principalmente, ver minha mãe com uma vida melhor.
Anos se passaram, eu ganhava livros, comprava livros (quando podia), e cada um deles, fez uma ponte para onde eu estou agora. Escrever, ler, pode ser considerado terapêutico. Lembro de depois de adulta, ser convidada para o lançamento do livro do Thiago Thomé. Aquele dia foi muito importante pra mim. Ver um preto, também de origem humilde, lançando um livro. Esse dia foi um respiro e um incentivo de continuar fazendo o que mais amo. Eu me prometi que não pararia, e que um dia, também estarei lançando um meu. Ano passado foi muito difícil, e acredito que pra muita gente, mas graças a vários escritores que eu faço questão de citar, o amargo de 2024 teve uma colher de melado na boca. Valorizem escritores pretos, principalmente, independentes. Eles também fazem parte da arte, da cultura, do sonhar e da nossa salvação. Que em 2025, mais pessoas tenham interesse e acesso a leitura.
Deixo aqui o meu muito obrigada a todos que em vários momentos foram um descanso na loucura: Ryane Leão Dandara Suburbana , Matheus Vieira, Thiago Thomè, Lázaro Ramos, Ciça Pereira, Luana Carvalho, Pedro Machado, e ao querido Aquiles Marchel por de alguma forma, fazer parte disso tudo.
A leitura ensina, conforta, alegra e é revolucionária.