Com abertura no dia 2 de dezembro, no Edifício Misericórdia, em São Paulo, a mostra “Forças Ancestrais” celebra uma década de existência e resistência da artista Ojire Ventura, marcada pela pesquisa sobre a cultura afro-brasileira e a força das mulheres negras ao longo da história. Com a curadoria de Camila Alcantara e expografia de Audrey Carolini, Forças Ancestrais presta uma homenagem às mulheres negras – às Ialorixás, à Irmandade da Boa Morte e às Ganhadeiras – reconhecendo-as como pilares fundamentais das conquistas e do progresso do povo negro ao longo da história.
Essas mulheres desempenhavam um papel que ia além de suas atividades econômicas: elas eram respeitadas em suas comunidades e, por meio de suas ações, ajudaram a consolidar uma rede de solidariedade entre o povo negro. Seu trabalho foi essencial para o desenvolvimento do comércio local, contribuindo para a circulação de mercadorias em um período em que as cidades coloniais brasileiras ainda estavam em formação. Dessa forma, essas mulheres fortaleceram um grupo historicamente excluído e marginalizado, promovendo a liberdade e autonomia de muitos.
Ojire Ventura, artista negra, mãe, nascida em um terreiro de candomblé, iniciou sua trajetória em 2015 com a criação de uma marca de joias e adornos, marcada pelo uso dos búzios. A estética e a simbologia espiritual que seu trabalho transmite refletem uma conexão profunda com a ancestralidade e os valores das culturas africanas e afro-brasileiras, ressaltando a beleza e a força das tradições que resistem através do tempo. Em cada peça, Ojire busca expressar não apenas o valor estético, mas também o poder de proteção e identidade que os búzios simbolizam, transformando suas criações em amuletos que já embelezam mulheres e homens de todo país, como Tassia Reis, Jota Pê, Luedji Luna Xênia França, Theodoro Nago, Larissa Luz, Bielo Pereira, Xan Ravelli, Maria Rita, Erica Malunguinho e Jairo Pereira
As Ialorixás: Liderança Feminina
No contexto de uma sociedade que historicamente marginalizou as mulheres, as Ialorixás representam um papel de empoderamento feminino. “Elas mostram que as mulheres podem ser líderes, sábias e influentes, desafiando estereótipos de gênero e promovendo a igualdade”, diz a artista sobre essas líderes religiosas, que são figuras centrais nas comunidades afro-brasileiras e têm um papel que vai muito além da religiosidade.
Como mulheres de sabedoria e liderança, elas exemplificam o poder feminino na organização comunitária e na preservação de valores e tradições africanas. Em Forças Ancestrais, Ojire Ventura destaca a importância cultural, social e política dessas líderes espirituais, especialmente no contexto de uma sociedade que historicamente marginaliza as mulheres negras, que foram pioneiras na promoção da igualdade e na quebra de estereótipos de gênero, mostrando que o papel das mulheres negras pode e deve ser de protagonismo e respeito em todas as esferas.
Serviço:
Exposição “Forças Ancestrais”
Data de abertura ao público: 02 a 07 de dezembro de 2024 das 14h às 19h30
Local: Edifício Misericórdia, Largo Misericórdia, 20, Centro Histórico de São Paulo